A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

O processo de “acostumar-se” com o lidar com a morte convive
também com o sentimento de solidão diante do enfrentamento do sofrer do
outro e dos próprios médicos.
O final da fala de Cecília (5ºano/10º período) exemplifica: “[...] quando
você encontra um bom professor, aí é diferente, você fica menos só”. A
aluna se refere a aprender a desenvolver atitudes na troca com o outro – o
professor. Deseja identificar-se com o saber fazer, mas também no sentir.
Quer reconhecer o enfrentamento dos próprios sentimentos como
necessários na sua formação, e não necessariamente sua exclusão.
Ao responderem à questão: quais os sentimentos vivenciados no
contato com a morte do paciente? O que fez com eles? Os depoentes foram
unânimes em mencionar a solidão na academia quanto ao tema da morte e
as emoções despertadas no aluno ou médico, desde as aulas de Anatomia,
citando algumas possibilidades de diálogos com professores de Oncologia
em estágios e na residência.
Algumas ilustrações:
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“Quando eu presenciei a primeira vez fiquei muito mal e fui
chorar depois sozinha, não dá pra contar com nenhum
colega ou professor, cada um fica na sua redoma. Se
tivesse um momento pra falar nisso, talvez ajudasse na hora
de perder um paciente.” [Fragmento de entrevista - Cecília -
5º ano/10º período]
“A gente conversa com um colega mais íntimo ou com a
família pelo menos agora em anatomia.” [Fragmento de
entrevista - Deborah - 2º ano/4º período]
“Bom, até agora eu procuro conversar. Agora eu converso
mais com o pessoal em casa, com minha família e minha
namorada, mas tem alguns professores que eu converso,
se você procurar eles conversam.” [Fragmento de
entrevista - Ricardo, Residente 1]