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A Grande Controvérsia

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

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A <strong>Grande</strong> Controversia<br />

Capitulo 11 - Os Príncipes Amparam a Verdade<br />

Um dos mais nobres testemunhos já proferidos pela Reforma, foi o protesto<br />

apresentado pelos príncipes cristãos da Alemanha, na Dieta de Espira, em 1529. A<br />

coragem, fé e firmeza daqueles homens de Deus, alcançaram para os séculos que se<br />

seguiram, a liberdade de pensamento e consciência. O protesto deu à igreja reformada o<br />

nome de Protestante; seus princípios são “a própria essência do protestantismo.” -<br />

D’Aubigné.<br />

Uma época tenebrosa e ameaçadora havia chegado para a Reforma. Apesar do edito<br />

de Worms, declarando Lutero proscrito, e proibindo o ensino ou a crença de suas<br />

doutrinas, até ali prevalecera no império a tolerância religiosa. A providência divina<br />

repelira as forças que se opunham à verdade. Carlos V estava inclinado a aniquilar a<br />

Reforma, mas, muitas vezes, quando levantara a mão para dar o golpe, fora obrigado a<br />

desviá-lo. Repetidas vezes a imediata destruição de tudo que ousava opor-se a Roma<br />

parecia inevitável; mas no momento crítico os exércitos dos turcos apareciam na fronteira<br />

oriental, ou o rei da França, ou mesmo o próprio papa, cioso da crescente grandeza do<br />

imperador, contra ele faziam guerra; e, assim, entre a contenda e o tumulto das nações, a<br />

Reforma teve oportunidade de fortalecer-se e estender-se.<br />

Finalmente, entretanto, os soberanos católicos coagiram seus feudos a que fizessem<br />

causa comum contra os reformadores. A Dieta de Espira, em 1526, dera a cada Estado<br />

ampla liberdade em matéria religiosa, até à reunião de um concílio geral; mas, mal<br />

haviam passado os perigos que asseguraram aquela concessão, o imperador convocou<br />

uma segunda Dieta a se reunir em Espira, em 1529, com o fim de destruir a heresia. Os<br />

príncipes deveriam ser induzidos, por meios pacíficos, sendo possível, a se colocarem<br />

contra a Reforma; mas, se tais meios falhassem, Carlos estava preparado para recorrer à<br />

espada.<br />

Os romanistas estavam jubilosos. Compareceram em Espira em grande número,<br />

manifestando abertamente sua hostilidade para com os reformadores e todos os que os<br />

favoreciam. Disse Melâncton: “Nós somos o ódio e a escória do mundo; mas Cristo<br />

olhará para o Seu pobre povo e o preservará.” -D’Aubigné. Aos príncipes evangélicos<br />

que assistiam à Dieta foi até proibido que se pregasse o evangelho em sua residência.<br />

Mas o povo de Espira tinha sede da Palavra de Deus e, apesar da proibição, milhares se<br />

congregavam para os cultos realizados na capela do eleitor da Saxônia.<br />

Isso apressou a crise. Uma mensagem imperial anunciou à Dieta que, como a<br />

resolução que concedia liberdade de consciência havia dado origem a grandes desordens,<br />

o imperador exigia fosse ela anulada. Este ato arbitrário excitou a indignação e alarma<br />

dos cristãos evangélicos. Disse um deles: “Cristo caiu de novo às mãos de Caifás e<br />

Pilatos.” Os romanistas tornaram-se mais violentos. Um católico romano, fanático,

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