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A Grande Controvérsia

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

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A <strong>Grande</strong> Controversia<br />

Capitulo 14 - Progressos na Inglaterra<br />

Enquanto Lutero abria ao povo da Alemanha a Bíblia, que até então estivera fechada,<br />

Tyndale era impelido pelo Espírito de Deus a fazer o mesmo pela Inglaterra. A Bíblia de<br />

Wycliffe fora traduzida do texto latino, que continha muitos erros. Nunca havia sido<br />

impressa, e tão elevado era o custo dos exemplares manuscritos, que, a não ser homens<br />

abastados ou nobres, poucos poderiam adquiri-los; demais, sendo estritamente proscrita<br />

pela igreja, tivera divulgação relativamente acanhada. Em 1516, um ano antes do<br />

aparecimento das teses de Lutero, Erasmo publicara sua versão grega e latina do Novo<br />

Testamento. Agora, pela primeira vez, a Palavra de Deus era impressa na língua original.<br />

Nesta obra muitos erros das versões anteriores foram corrigidos, dando-se mais clareza<br />

ao sentido. Levou muitos dentre as classes cultas a melhor conhecimento da verdade, e<br />

deu novo impulso à obra da Reforma. Mas o povo comum ainda estava, em grande parte,<br />

privado da Palavra de Deus. Tyndale deveria completar a obra de Wycliffe, dando a<br />

Bíblia a seus compatriotas.<br />

Como estudante diligente e ardoroso investigador da verdade, recebeu o evangelho do<br />

Testamento grego de Erasmo. Destemidamente pregou suas convicções, insistindo em<br />

que toda a doutrina fosse provada pelas Escrituras. À pretensão romanista de que a igreja<br />

dera a Bíblia, e de que somente ela a poderia explicar, respondeu Tyndale: “Sabeis quem<br />

ensinou as águias a encontrar a presa? Pois bem, esse mesmo Deus ensina Seus filhos<br />

famintos a encontrar o Pai em Sua Palavra. Longe de nos haverdes dado as Escrituras,<br />

sois vós que a tendes escondido de nós; sois vós que queimais os que as ensinam e, se<br />

pudésseis, queimaríeis as Escrituras mesmas.” -D’Aubigné.<br />

A pregação de Tyndale despertou grande interesse; muitos aceitaram a verdade. Mas<br />

os padres estavam alerta, e mal ele deixara o campo, esforçaram-se por destruir-lhe a obra<br />

por meio de ameaças e difamações. Muitas vezes eram bem-sucedidos nisso. “Que se<br />

deve fazer?” exclamava ele. “Enquanto semeio num lugar, o inimigo devasta o campo<br />

que acabo de deixar. Não posso estar em toda parte. Oh! se os cristãos possuíssem as<br />

Escrituras Sagradas em sua própria língua, poderiam por si mesmos resistir a esses<br />

sofismas. Sem a Bíblia é impossível firmar o leigo na verdade.” -D’Aubigné.<br />

Novo propósito toma então posse de seu espírito. “Era na língua de Israel”, disse ele,<br />

“que se cantavam os salmos no templo de Jeová; e não falará o evangelho a língua da<br />

Inglaterra entre nós? ... Deve a igreja ter menos luz ao meio-dia do que à aurora? Os<br />

cristãos devem ler o Novo Testamento em sua língua materna.” Os doutores e<br />

ensinadores da igreja discordavam entre si. Apenas pela Bíblia poderiam os homens<br />

chegar à verdade. “Um adota este doutor, outro aquele. ... Ora, cada um destes autores<br />

contradiz o outro. Como, pois, podemos nós distinguir quem fala certo de quem fala<br />

errado? ... Como? ... Em verdade pela Palavra de Deus.” -D’Aubigné.

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