07.04.2023 Views

A Grande Controvérsia

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A <strong>Grande</strong> Controversia<br />

deve ser coerente consigo mesma; e que, como foi dada para a instrução do homem, deve<br />

adaptar-se à sua compreensão. Decidiu-se a estudar as Escrituras por si mesmo, e<br />

verificar se as aparentes contradições não se poderiam harmonizar.<br />

Esforçando-se por deixar de lado todas as opiniões preconcebidas, dispensando<br />

comentários, comparou passagem com passagem, com o auxílio das referências à<br />

margem e da concordância. Prosseguiu no estudo de modo sistemático e metódico;<br />

começando com Gênesis, e lendo versículo por versículo, não ia mais depressa do que se<br />

lhe desvendava o sentido das várias passagens, de modo a deixá-lo livre de toda<br />

dificuldade. Quando encontrava algum ponto obscuro, tinha por costume compará-lo com<br />

todos os outros textos que pareciam ter qualquer referência ao assunto em consideração.<br />

Permitia que cada palavra tivesse a relação própria com o assunto do texto e, quando<br />

harmonizava seu ponto de vista acerca dessa passagem com todas as referências da<br />

mesma, deixava de ser uma dificuldade. Assim, quando quer que encontrasse passagem<br />

difícil de entender, achava explicação em alguma outra parte das Escrituras. Estudando<br />

com fervorosa oração para obter esclarecimentos da parte de Deus, o que antes parecia<br />

obscuro à compreensão agora se fizera claro. Experimentou a verdade das palavras do<br />

salmista: “A exposição das Tuas Palavras dá luz; dá entendimento aos símplices.” Salmos<br />

119:130.<br />

Com intenso interesse estudou os livros de Daniel e Apocalipse, empregando os<br />

mesmos princípios de interpretação que para as demais partes das Escrituras; e descobriu,<br />

para sua grande alegria, que os símbolos proféticos podiam ser compreendidos. Viu que<br />

as profecias já cumpridas tiveram cumprimento literal; que todas as várias figuras,<br />

metáforas, parábolas, símiles, etc., ou eram explicados em seu contexto, ou os termos em<br />

que eram expressos se achavam entendidos literalmente. “Fiquei assim convencido”, diz<br />

ele, “de ser a Escritura Sagrada um conjunto de verdades reveladas, tão clara e<br />

simplesmente apresentadas que o viajante, ainda que seja um louco, não precisa errar.” -<br />

Bliss. Elo após elo da cadeia da verdade recompensava seus esforços, enquanto passo a<br />

passo divisava as grandes linhas proféticas. Anjos celestiais estavam a guiar-lhe o espírito<br />

e a abrir as Escrituras à sua compreensão.<br />

Tomando a maneira por que as profecias se tinham cumprido no passado como<br />

critério pelo qual julgar do cumprimento das que ainda estavam no futuro, chegou à<br />

conclusão de que o conceito popular acerca do reino espiritual de Cristo -o milênio<br />

temporal antes do fim do mundo -não é apoiado pela Palavra de Deus. Essa doutrina,<br />

falando em mil anos de justiça e paz antes da vinda pessoal do Senhor, afasta para longe<br />

os terrores do dia de Deus. Mas, por agradável que seja, é contrária aos ensinos de Cristo<br />

e Seus apóstolos, que declaravam que o trigo e o joio devem crescer juntos até à ceifa, o<br />

fim do mundo (Mateus 13:30, 38-41); que “os homens maus e enganadores irão de mal<br />

para pior”; que “nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2 Timóteo 3:13, 1); e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!