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A Grande Controvérsia

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

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A <strong>Grande</strong> Controversia<br />

vil como a instituição que apoiava, dizia-se haver caído do Céu, e sido achado em<br />

Jerusalém, sobre o altar de Simeão, no Gólgota. Mas, em realidade, o palácio pontifical<br />

em Roma foi a fonte donde procedeu. Fraudes e falsificações para promover o poderio e<br />

prosperidade da igreja têm sido em todos os séculos consideradas lícitas pela hierarquia<br />

papal.<br />

O rolo proibia o trabalho desde a hora nona, três horas da tarde, do sábado, até ao<br />

nascer do Sol na segunda-feira; e declarava-se ser a sua autoridade confirmada por<br />

muitos milagres. Referia-se que pessoas que trabalharam além da hora indicada, foram<br />

atacadas de paralisia. Certo moleiro que tentou moer o trigo, viu, em lugar da farinha, sair<br />

uma torrente de sangue, e a mó ficar parada apesar do forte ímpeto da água. Uma mulher<br />

que pusera massa de pão ao forno,achou-a crua quando foi tirada,embora o forno<br />

estivesse muito quente. Outra que tinha massa preparada para cozer à hora nona, mas<br />

resolvera deixá-la de lado até segunda-feira, encontrou-a no dia seguinte transformada em<br />

pães e estava cozida pelo poder divino. Um homem que cozeu o pão depois da hora nona<br />

no sábado, achou, ao parti-lo na manhã seguinte, que do mesmo saía sangue. Por meio de<br />

tais invencionices absurdas e supersticiosas, esforçaram-se os defensores do domingo por<br />

estabelecer a santidade deste. -Anais, de Roger de Hoveden.<br />

Na Escócia, assim como na Inglaterra, conseguiu-se consideração maior pelo<br />

domingo, unindo-se-lhe uma parte do antigo sábado. Mas o tempo que se exigia fosse<br />

santificado, variava. Um edito do rei da Escócia declarou que “se deveria considerar<br />

santo desde o meiodia de sábado”, e que ninguém, desde aquela hora até segunda-feira de<br />

manhã, deveria ocupar-se em trabalhos seculares. -Diálogos Sobre o Dia do Senhor, de<br />

Morer. Mas, apesar de todos os esforços para estabelecer a santidade do domingo, os<br />

próprios romanistas publicamente confessavam a autoridade divina do sábado, e a origem<br />

humana da instituição pela qual foi ele suplantado. No século XVI, um concílio papal<br />

declarou francamente: “Lembrem-se todos os cristãos de que o sétimo dia foi consagrado<br />

por Deus, recebido e observado, não somente pelos judeus mas por todos os outros que<br />

pretendiam adorar a Deus, embora nós, os cristãos, tenhamos mudado o Seu sábado para<br />

o dia do Senhor (domingo).” -Ibidem. Os que estavam a se intrometer com a lei divina,<br />

não ignoravam o caráter de sua obra. Achavam-se deliberadamente colocando-se acima<br />

de Deus.<br />

Exemplo notável da política de Roma para com os que dela discordavam, foi dado na<br />

longa e sanguinolenta perseguição dos valdenses, alguns dos quais eram observadores do<br />

sábado. Outros sofreram de modo semelhante pela sua fidelidade para com o quarto<br />

mandamento. A história das igrejas da Etiópia é especialmente significativa. Em meio das<br />

trevas da Idade Média, os cristãos da África Central foram perdidos de vista e esquecidos<br />

pelo mundo, e durante muitos séculos gozaram liberdade no exercício de sua fé. Mas<br />

finalmente Roma soube de sua existência, e o imperador da Etiópia foi logo induzido a

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