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A Grande Controvérsia

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

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A <strong>Grande</strong> Controversia<br />

saber o que fizeram, mas sim o que deveriam ter feito.” -Primeiro Sermão Pregado<br />

Perante o Rei Eduardo VI, Latimer.<br />

Barnes e Frith, fiéis amigos de Tyndale, levantaram-se em defesa da verdade.<br />

Seguiram-se os Ridleys e Cranmer. Estes dirigentes da Reforma inglesa eram homens de<br />

saber, e quase todos tinham sido muito estimados pelo zelo e piedade na comunhão<br />

romana. Sua oposição ao papado resultou de seu conhecimento dos erros da “Santa Sé.”<br />

Familiarizados com os mistérios de Babilônia, maior poder imprimiram a seus<br />

testemunhos contra ela.<br />

“Farei agora uma estranha pergunta”, disse Latimer. “Quem é o mais diligente bispo<br />

em toda a Inglaterra? ... Vejo-vos a ouvir e escutar que eu o nomeie. ... Eu vo-lo direi: é o<br />

diabo. ... Ele nunca abandona sua diocese; ... procurai-o quando quiserdes, sempre está<br />

em casa; ... está sempre junto a seu arado. ... Nunca o achareis ocioso, garanto-vos. ...<br />

Onde reside o diabo, ... fora com os livros, e venham as velas; fora com as Bíblias e<br />

venham os rosários; fora com a luz do evangelho, e venha a luz das velas, sim, ao meiodia;<br />

... abaixo a cruz de Cristo, viva o purgatório limpa-bolsas; ... fora com o vestir os<br />

nus, os pobres e os inválidos, e viva o cobrir de imagens e festivos ornamentos, o pau e a<br />

pedra; venham as tradições dos homens e suas leis, abaixo com as tradições de Deus e<br />

Sua santíssima Palavra. ... Quem dera fossem nossos prelados tão diligentes em semear a<br />

boa doutrina, como Satanás o é em semear o joio ou cizânia!” -Sermão do Arado,<br />

Latimer.<br />

O grande princípio mantido por aqueles reformadores -princípio que fora sustentado<br />

pelos valdenses, por Wycliffe, João Huss, Lutero, Zwínglio e pelos que a eles se uniram -<br />

foi a autoridade infalível das Escrituras Sagradas como regra de fé e prática. Negavam o<br />

direito dos papas, concílios, padres e reis, de dirigirem a consciência em matéria de<br />

religião. A Bíblia era a sua autoridade, e por seus ensinos provavam todas as doutrinas e<br />

reivindicações. A fé em Deus e em Sua Palavra sustentava aqueles homens santos, ao<br />

renderem eles a vida no instrumento de tortura. “Consola-te”, exclamou Latimer a seu<br />

companheiro de martírio, quando as chamas estavam a ponto de fazer silenciar-lhes a<br />

voz; “acenderemos neste dia na Inglaterra uma luz que, pela graça de Deus, espero jamais<br />

se apagará.” -Obras de Hugo Latimer.<br />

Na Escócia, a semente da verdade, espalhada por Columba e seus cooperadores,<br />

nunca foi totalmente destruída. Durante séculos, depois de as igrejas da Inglaterra se<br />

submeterem a Roma, as da Escócia mantiveram sua liberdade. No século XII, entretanto,<br />

o papado se estabeleceu ali, e em nenhum país exerceu mais absoluto domínio. Em parte<br />

alguma eram mais profundas as trevas. Todavia, ali chegaram raios de luz a penetrarem<br />

as trevas, apresentando a promessa do dia vindouro. Os lolardos, vindos da Inglaterra

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