A Grande Controvérsia
“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...
“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A <strong>Grande</strong> Controversia<br />
eternamente a arder. Crendo, porém, ser a alma de natureza imortal, não percebem outra<br />
alternativa senão concluir que toda a humanidade se salvará, por fim. Muitos consideram<br />
as ameaças da Bíblia como sendo meramente destinadas a amedrontar os homens para a<br />
obediência, e não para se cumprirem literalmente. Assim o pecador pode viver em<br />
prazeres egoístas, desatendendo aos preceitos de Deus, e não obstante esperar ser, ao<br />
final, recebido em Seu favor. Esta doutrina, admitindo a misericórdia de Deus, mas<br />
passando por alto Sua justiça, agrada ao coração carnal, e torna audazes os ímpios em sua<br />
iniqüidade. A fim de mostrar como os crentes na salvação universal torcem as Escrituras<br />
para sustentarem seus dogmas destruidores de almas, basta citar suas próprias<br />
declarações. Nos funerais de um jovem irreligioso, que tivera morte instantânea em um<br />
desastre, um ministro universalista escolheu como texto a declaração das Escrituras<br />
relativa a Davi: “Já se tinha consolado acerca de Amnom, que era morto.” 2 Samuel<br />
13:39.<br />
“Sou freqüentemente interrogado”, disse o orador, “sobre qual será a sorte dos que<br />
deixam o mundo em pecado, que morrem, talvez, em estado de embriaguez, morrem sem<br />
ter lavado das manchas escarlates do crime as suas vestes, ou como este jovem sucumbiu,<br />
nunca tendo feito qualquer profissão ou gozado experiência religiosa. Estamos contentes<br />
com as Escrituras; sua resposta resolverá o terrível problema. Amnom era muitíssimo<br />
pecador; ele não estava arrependido, fizeram-no embriagar-se, e, estando em estado de<br />
embriaguez, foi morto. Davi era profeta de Deus; ele deveria saber se iria mal ou bem<br />
com Amnom no mundo vindouro. Quais foram as expressões de seu coração? ‘Então<br />
tinha o rei Davi saudades de Absalão, porque já se tinha consolado acerca de Amnom,<br />
que era morto.’<br />
“E qual é a inferência a fazer-se desta linguagem? Não é que o sofrimento intérmino<br />
não fazia parte de sua crença religiosa? Assim o concebemos; e aqui descobrimos um<br />
argumento triunfante em apoio da mais agradável, mais iluminada, mais benévola<br />
hipótese da pureza e paz, universal e final. Consolou-se, vendo que o filho estava morto.<br />
E por que isto? Porque, pelos olhos da profecia, podia vislumbrar o glorioso futuro, e ver<br />
aquele filho afastado para longe de toda tentação, livre do cativeiro, e purificado das<br />
corrupções do pecado, e depois de se haver tornado suficientemente santo e esclarecido,<br />
admitido na assembléia dos espíritos elevados e jubilosos. Seu único conforto era que,<br />
sendo removido do presente estado de pecado e sofrimento, seu amado filho fora para o<br />
lugar em que o mais elevado bafejo do Espírito Santo cairia sobre a sua alma<br />
entenebrecida; em que seu espírito se desdobraria à sabedoria do Céu e aos suaves<br />
transportes do amor imortal, e assim se prepararia com a natureza santificada para gozar<br />
o repouso e companhia da herança celestial.<br />
“Nesse sentido é que desejamos ser compreendidos como crentes que somos de que a<br />
salvação do Céu não depende de coisa alguma que possamos fazer nesta vida; nem da