07.04.2023 Views

A Grande Controvérsia

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A <strong>Grande</strong> Controversia<br />

Capitulo 5 - Campeões da verdade<br />

Antes da Reforma, houve por vezes pouquíssimos exemplares da Escritura Sagrada;<br />

mas Deus não consentira que Sua Palavra fosse totalmente destruída. Suas verdades não<br />

deveriam estar ocultas para sempre. Tão facilmente poderia Ele desacorrentar as palavras<br />

da vida como abrir portas de prisões e desaferrolhar portais de ferro para pôr em<br />

liberdade a Seus servos. Nos vários países da Europa homens eram movidos pelo Espírito<br />

de Deus a buscar a verdade como a tesouros escondidos. Providencialmente guiados às<br />

Santas Escrituras, estudavam as páginas sagradas com interesse profundo. Estavam<br />

dispostos a aceitar a luz, a qualquer custo. Posto que não vissem todas as coisas<br />

claramente, puderam divisar muitas verdades havia muito sepultadas. Como mensageiros<br />

enviados pelo Céu, saíam, rompendo as cadeias do erro e superstição e chamando aos que<br />

haviam estado durante tanto tempo escravizados, a levantarse e assegurar sua liberdade.<br />

Com exceção do que se passava entre os valdenses, a Palavra de Deus estivera<br />

durante séculos encerrada em línguas apenas conhecidas pelos eruditos; chegara, porém,<br />

o tempo para que as Escrituras fossem traduzidas e entregues ao povo dos vários países<br />

em sua língua materna. Passara para o mundo a meia-noite. As horas de trevas estavam a<br />

esvair-se, e em muitas terras apareciam indícios da aurora a despontar. No século XIV<br />

surgiu na Inglaterra um homem que devia ser considerado “a estrela da manhã da<br />

Reforma.” João Wycliffe foi o arauto da Reforma, não somente para a Inglaterra mas<br />

para toda a cristandade. O grande protesto contra Roma, que lhe foi dado proferir, jamais<br />

deveria silenciar. Aquele protesto abriu a luta de que deveria resultar a emancipação de<br />

indivíduos, igrejas e nações.<br />

Wycliffe recebeu educação liberal, e para ele o temor do Senhor era o princípio da<br />

sabedoria. No colégio se distinguira pela fervorosa piedade bem como por seus notáveis<br />

talentos e perfeito preparo escolar. Em sua sede de saber procurava familiarizar-se com<br />

todo ramo de conhecimento. Foi educado na filosofia escolástica, nos cânones da igreja e<br />

na lei civil, especialmente a de seu próprio país. Em seus trabalhos subseqüentes<br />

evidenciou-se o valor destes primeiros estudos. Um conhecimento proficiente da filosofia<br />

especulativa de seu tempo, habilitou-o a expor os erros dela; e, mediante o estudo das leis<br />

civis e eclesiásticas, preparou-se para entrar na grande luta pela liberdade civil e<br />

religiosa. Não só sabia manejar as armas tiradas da Palavra de Deus, mas também havia<br />

adquirido a disciplina intelectual das escolas e compreendia a tática dos teólogos<br />

escolásticos. O poder de seu gênio e a extensão e proficiência de seus conhecimentos<br />

impunham o respeito de amigos bem como de inimigos. Seus adeptos viam com<br />

satisfação que seu herói ocupava lugar preeminente entre os espíritos dirigentes da nação;<br />

e seus inimigos eram impedidos de lançar o desprezo à causa da Reforma, exprobrando a<br />

ignorância ou fraqueza do que a mantinha.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!