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A Grande Controvérsia

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

“Rejeitemos esse decreto”, disseram os príncipes. “Em assuntos de consciência, a maioria não tem poder.” Proteger a liberdade de consciência é dever do Estado, e isto é o limite de sua autoridade em matéria de religião. Todo governo secular que tente legislar sobre observâncias religiosas, ou impô-las pela autoridade civil, está a sacrificar o próprio princípio pelo qual muitas pessoas tão nobremente lutaram. “Os princípios contidos nesse célebre protesto... constituem a própria essência do protestantismo. Ora, este protesto se opõe a dois abusos do homem em matéria de fé: o primeiro é a intromissão do magistrado civil, e o segundo a autoridade arbitrária da igreja. Em lugar desses abusos, coloca o protestantismo o poder da consciência acima do magistrado, e a autoridade da Palavra de Deus sobre a igreja visível. Em primeiro lugar rejeita o poder civil em assuntos divinos, e diz com os profetas e apóstolos. Os protestantes haviam, demais, afirmado seu direito de livremente proferir suas convicções sobre a verdade. Não haveriam de crer e obedecer somente, mas também ensinar o que a Palavra de Deus apresenta, e negavam ao padre ou magistrado, o direito de intervir. O protesto de Espira foi um testemunho solene contra a intolerância religiosa, e uma afirmação do direito de todos os homens de adorarem a Deus segundo os ditames de sua própria consciência...

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A <strong>Grande</strong> Controversia<br />

Capitulo 6 - Dois Heróis<br />

O Evangelho fora implantado na Boêmia já no século IX. A Bíblia achava-se<br />

traduzida, e o culto público era celebrado na língua do povo. Mas, à medida que<br />

aumentava o poderio do papa, a Palavra de Deus se obscurecia. Gregório VII, que tomara<br />

a si o abater o orgulho dos reis, não tinha menos intenções de escravizar o povo, e de<br />

acordo com isto expediu uma bula proibindo que o culto público fosse dirigido na língua<br />

boêmia. O papa declarava ser “agradável ao Onipotente que Seu culto fosse celebrado em<br />

língua desconhecida, e que muitos males e heresias haviam surgido por não se observar<br />

esta regra.” -Wylie. Assim Roma decretava que a luz da Palavra de Deus se extinguisse e<br />

o povo fosse encerrado em trevas. O Céu havia provido outros fatores para a preservação<br />

da igreja. Muitos dos valdenses e albigenses, pela perseguição expulsos de seus lares na<br />

França, e Itália, foram à Boêmia. Posto que não ousassem ensinar abertamente, zelosos<br />

trabalhavam em segredo. Assim se preservou a verdadeira fé de século em século.<br />

Antes dos dias de Huss, houve na Boêmia homens que se levantaram para condenar<br />

abertamente a corrupção na igreja e a dissolução do povo. Seus trabalhos despertaram<br />

interesse que se estendeu largamente. Suscitaram-se os temores da hierarquia e iniciou-se<br />

a perseguição contra os discípulos do evangelho. Compelidos a fazer seu culto nas<br />

florestas e montanhas, davam-lhes caça os soldados, e muitos foram mortos. Depois de<br />

algum tempo se decretou que todos os que se afastassem do culto romano deviam ser<br />

queimados. Mas, enquanto os cristãos rendiam a vida, olhavam à frente para a vitória de<br />

sua causa. Um dos que “ensinavam que a salvação só se encontra pela fé no Salvador<br />

crucificado”, declarou ao morrer: “A fúria dos inimigos da verdade agora prevalece<br />

contra nós, mas não será para sempre; levantar-se-á um dentre o povo comum, sem<br />

espada nem autoridade, e contra ele não poderão prevalecer.” -Wylie. O tempo de Lutero<br />

estava ainda muito distante; mas já se erguia alguém, cujo testemunho contra Roma<br />

abalaria as nações.<br />

João Huss era de humilde nascimento e cedo ficou órfão pela morte do pai. Sua<br />

piedosa mãe, considerando a educação e o temor de Deus como a mais valiosa das<br />

posses, procurou assegurar esta herança para o filho. Huss estudou na escola da<br />

província, passando depois para a Universidade de Praga, onde teve admissão gratuita<br />

como estudante pobre. Foi acompanhado na viagem por sua mãe; viúva e pobre, não<br />

possuía dádivas nem riquezas mundanas para conferir ao filho; mas, aproximando-se eles<br />

da grande cidade, ajoelhou-se ela ao lado do jovem sem pai, e invocou-lhe a bênção do<br />

Pai celestial. Pouco imaginara aquela mãe como deveria sua oração ser atendida.<br />

Na Universidade, Huss logo se distinguiu pela sua incansável aplicação e rápidos<br />

progressos, enquanto a vida irrepreensível e modos afáveis e simpáticos lhe conquistaram<br />

estima geral. Era sincero adepto da igreja de Roma, e fervorosamente buscava as bênçãos

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