06.11.2023 Views

1987 - Projeto de Constituiçao angustia o país

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

no texto do <strong>Projeto</strong>. Deposita o Po<strong>de</strong>r Judiciário <strong>de</strong> São Paulo em Vossa Excelência a confiança <strong>de</strong><br />

que o jurista e fiador da <strong>de</strong>mocracia brasileira se tornou merecedor, para a supressão dos artigos<br />

136, 172 e 173 do substitutivo, retornando o texto constitucional à salutar tradição garantidora da<br />

autonomia até hoje resguardada. Permitindo que órgãos e entida<strong>de</strong>s interfiram direta ou<br />

indiretamente na estrutura e funcionamento da Justiça, restará um Po<strong>de</strong>r Judiciário vulnerado em<br />

sua in<strong>de</strong>pendência, com previsíveis reflexos no aprimoramento da vida <strong>de</strong>mocrática brasileira. O<br />

Tribunal <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> São Paulo manifesta a sua confiança na sabedoria da Augusta Assembléia<br />

Nacional Constituinte e reitera a Vossa Excelência as expressões da mais elevada consi<strong>de</strong>ração e<br />

apreço. A) Marcos Nogueira Garcez, Presi<strong>de</strong>nte” (Diário Oficial/ Estado <strong>de</strong> São Paulo / Po<strong>de</strong>r<br />

Judiciário / Ca<strong>de</strong>rno 1, <strong>de</strong> 16-9-87).<br />

Cumpre também transcrever a alertada recomendação da Associação Paulista dos<br />

Magistrados, publicada no Órgão Oficial do Po<strong>de</strong>r Judiciário <strong>de</strong> São Paulo: “A Associação Paulista<br />

dos Magistrados recomenda a todos os Juizes que consignem um ato <strong>de</strong> protesto contra os artigos<br />

144 e parágrafo único e 110 e parágrafo único do Substitutivo apresentado na Constituinte. Impõese<br />

o ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagrado dos Magistrados Paulistas em relação à composição do Quinto Constitucional<br />

e da criação <strong>de</strong> órgão externo <strong>de</strong> controle do Po<strong>de</strong>r Judiciário. A manifestação <strong>de</strong>verá constar da<br />

ata <strong>de</strong> audiência e comunicada ao Presi<strong>de</strong>nte da Assembléia Nacional Constituinte”(Diário Oficial<br />

/ Estado <strong>de</strong> São Paulo / Po<strong>de</strong>r Judiciário / Ca<strong>de</strong>rno 1, <strong>de</strong> 23-9-87).<br />

4 . Extinção da enfiteuse em áreas urbanas<br />

Sobre a enfiteuse, reza o Substitutivo Cabral 2, no art. 49 das Disposições Transitórias:<br />

“Fica extinto o instituto da enfiteuse em imóveis urbanos sendo facultada, aos foreiros a<br />

remissão dos imóveis existentes, mediante aquisição do domínio direto, na conformida<strong>de</strong> do que<br />

dispuserem os respectivos contratos.<br />

“§ 1 º - Aplica-se subsidiariamente o que dispõe a legislação especial dos imóveis da União,<br />

quando não existir cláusula contratual.<br />

§ 2 º - Os direitos dos atuais ocupantes inscritos ficam assegurados pela aplicação <strong>de</strong> outra<br />

modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contrato.<br />

§ 3 º - A enfiteuse continuará sendo aplicada aos terrenos da marinha e seus acrescidos,<br />

situados na faixa <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> cem metros <strong>de</strong> largura, a partir da orla marítima.<br />

§ 4 º - Extinta a enfiteuse, o antigo titular do domínio direto <strong>de</strong>verá, no prazo <strong>de</strong> noventa<br />

dias, sob pena <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, confiar à guarda do registro <strong>de</strong> imóveis competente toda a<br />

documentação a ela relativa”.<br />

Não há motivo para que se extinga compulsoriamente a enfiteuse, que constitui um ato<br />

jurídico perfeito e acabado, cujo ônus pesa tão levemente sobre os foreiros. O art. 49, que é<br />

obviamente elemento integrante <strong>de</strong> uma Reforma Urbana, participa, sob esse ponto <strong>de</strong> vista, da<br />

brutalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o movimento reformista atualmente em curso.<br />

Mas pelo menos este artigo conserva o direito do titular do domínio direto, à in<strong>de</strong>nização<br />

contratada.<br />

De outro lado, continua vigente a enfiteuse em imóveis rurais.<br />

5 . A censura: um dirigismo doutrinário “neutro”, mas <strong>de</strong>spótico<br />

Também sobre a censura dispõe o Substitutivo Cabral 2:<br />

“Art. 249 – É assegurada aos meios <strong>de</strong> comunicação ampla liberda<strong>de</strong>, nos termos da lei.<br />

§ 1 º - É vedada toda censura <strong>de</strong> natureza política e i<strong>de</strong>ológica. A lei criará os instrumentos<br />

necessários para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a pessoa:<br />

“I – da exibição e veiculação <strong>de</strong> programas e mensagens comerciais, do rádio e da televisão,<br />

que utilizem temas ou imagens que atentem contra a moral, os bons costumes, e incitem à violência.<br />

188

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!