1987 - Projeto de Constituiçao angustia o país
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) Ora, como o presente trabalho vai <strong>de</strong>monstrando, o que se passou foi muito exatamente<br />
o contrário. E a campanha eleitoral foi marcadamente pobre em seus aspectos<br />
i<strong>de</strong>ológicos.<br />
c) Então se pergunta: como explicar este imenso insucesso da CNBB? Há um eventual e<br />
muito acentuado <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> sua influência sobre a opinião pública? Qual a causa ou<br />
causas <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>clínio? Que relação tem ele com a Reforma Agrária e suas seqüelas –<br />
Urbana e Empresarial – que ela tão extremadamente apoia, mas que nem sequer com a<br />
ajuda <strong>de</strong>la o Governo vai conseguindo impor ao País renitente?<br />
Essas são questões para as quais não se encontram, <strong>de</strong> momento, respostas satisfatórias.<br />
Talvez venham elas a se explicar com o recuo do tempo, habitualmente tão propício à investigação<br />
histórica.<br />
De qualquer forma, fique registrada, ainda aqui, uma observação: quanto foram pouco<br />
representativas da realida<strong>de</strong> brasileira estas eleições que frustaram esperanças afagadas em tão altos<br />
círculos do País.<br />
4 . Listas “brancas” e “negras”<br />
Indo além das diretrizes, houve Car<strong>de</strong>ais, Arcebispos, Bispos e Sacerdotes que sugeriram –<br />
em “listas brancas”- nomes concretos <strong>de</strong> candidatos alinhados com a orientação reformista da CNBB.<br />
Não bastou, porém, a esses Prelados, indicar o “bem”; julgaram preciso <strong>de</strong>nunciar o “mal”.<br />
Assim, alguns organismos e membros da CNBB divulgaram também “listas negras” dos candidatos<br />
opostos à implantação das reformas <strong>de</strong> estrutura.<br />
É o que informa “O Globo” (26-10-86):<br />
A Igreja no Estado do Rio se absteve até agora <strong>de</strong> usar um recurso que vem sendo utilizado<br />
por ela em outros Estados, principalmente nos do Norte do País: as listas negras! ...<br />
Ao lado <strong>de</strong>ssas ‘listas negras’, Igrejas <strong>de</strong> outros Estados fazem circular também ‘listas<br />
brancas’, com os candidatos que as pastorais e as Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base (CEBs)<br />
consi<strong>de</strong>ram dignos <strong>de</strong> confiança.<br />
A propósito, informa “O São Paulo” (7 a 13-11-86), órgão da Cúria Metropolitana <strong>de</strong> São<br />
Paulo:<br />
A igreja do Maranhão, por exemplo, está divulgando uma ‘lista negra’ <strong>de</strong> candidatos que,<br />
<strong>de</strong> acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), não estão comprometidos com os interesses<br />
populares. No Maranhão são onze dioceses, on<strong>de</strong> atuam 200 padres e estão organizadas mais <strong>de</strong> mil<br />
comunida<strong>de</strong>s eclesiais <strong>de</strong> base. Anteriormente, bispos <strong>de</strong> algumas dioceses da Bahia também<br />
divulgaram listas semelhantes.<br />
E, explica o “Jornal do Brasil” (20-9-86): Segundo o coor<strong>de</strong>nador da Pastoral da Terra no<br />
Maranhão, o padre italiano Gianluigi Zuffellato, a idéia <strong>de</strong> fazer a lista surgiu ‘porque nessa época<br />
<strong>de</strong> eleição todos os candidatos aparentam ser bonzinhos e a gente precisa abrir os olhos dos<br />
lavradores’. O arcebispo <strong>de</strong> São Luís, D. Paulo Ponte, não tem conhecimento ainda da iniciativa da<br />
Pastoral da Terra, pois está em viagem <strong>de</strong> retiro, mas o padre Zuffellato afirma que ela se enquadra<br />
na orientação do bispo, <strong>de</strong> linha marcadamente progressista.<br />
5 . Êxitos localizados<br />
E nem tudo, nesse campo, foi <strong>de</strong>cepção. Veja-se esta notícia do “Jornal do Brasil” (12-1-<br />
87).<br />
O Movimento Eclesial <strong>de</strong> Base – MEB – em Alagoas <strong>de</strong>cidiu-se engajar na política e<br />
conseguiu eleger seis dos 12 membros do Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores – PT –<br />
no estado. Com essa força, lançou um candidato a <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral, o médico Fernando Barreiro,<br />
que obteve quase 17 mil votos, foi mais votado que muitos eleitos, mas não obteve o número mínimo<br />
<strong>de</strong> legendas.<br />
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