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1987 - Projeto de Constituiçao angustia o país

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além <strong>de</strong> referências ao passado religioso do candidato. ‘Sou congregado mariano’, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u-se ele,<br />

na TV. ...<br />

Para o dia 12, último <strong>de</strong> propaganda eleitoral, o PMDB guardou sua melhor <strong>de</strong>fesa:<br />

parafraseando Tancredo Neves, que enfrentou acusação semelhante, Max dirá que tem apoio dos<br />

comunistas ‘mas também dos religiosos, das donas-<strong>de</strong>-casa, <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>’.<br />

3 . Em São Paulo, o governador Orestes Quércia, acusado <strong>de</strong> sua aliança eleitoral com o PC<br />

do B representaria a aceitação <strong>de</strong> compromissos com os comunistas, afirma categoricamente: Não<br />

tenho o menor relacionamento com o PC do B (“Folha <strong>de</strong> S. Paulo”, 27-3-87).<br />

4 . Em Mato Grosso, o candidato per<strong>de</strong>dor, Fre<strong>de</strong>rico Campos (PDS-PFL-PMB-PTB-PDC-<br />

PL) abriu baterias contra o candidato da coligação PMDB-PSB-PSC-PC do B, Carlos Bezerra,<br />

dizendo que era preciso <strong>de</strong>rrotar a elite dominante, que hoje está abrigada no PMDB, ao lado dos<br />

comunistas (“Jornal do Brasil”, 13-11-86).<br />

O ex-governador Júlio Campos (ex-PDS, hoje PFL) admitiu que Mato Grosso não escapou<br />

do vendaval do PMDB que atravessou o País <strong>de</strong> Leste a Oeste. Per<strong>de</strong>mos a eleição em todos os<br />

municípios, e <strong>de</strong> goleada, mas não foi um julgamento <strong>de</strong> meu governo, tanto que serei o <strong>de</strong>putado<br />

fe<strong>de</strong>ral mais votado. Para ele, se o PMDB lançasse um poste como candidato seria eleito (“Correio<br />

Braziliense”, 19-11-86).<br />

Nestas condições, é difícil sustentar que alguns resmungos anticomunistas lançados<br />

contra o candidato vitorioso tenham influído no resultado do pleito.<br />

3 . O caso do Ceará<br />

Merece referência um pouco mais extensa o que se passou no Ceará.<br />

O valoroso Estado do Ceará <strong>de</strong>u ao País filhos que se difundiram em muito consi<strong>de</strong>rável<br />

número por todo o território, e em toda parte colaboram por sua inteligência e por sua força <strong>de</strong><br />

trabalho no progresso do País, em qualquer Estado em que residam, são especialmente benquistos<br />

pelo seu peculiar feitio psicológico e moral. Ilustra-se também o Ceará pelo esforço heróico da<br />

população que nele continua a residir em se manter perseverantemente afeiçoada ao território <strong>de</strong>ste,<br />

lutando bravamente contra as condições adversas do clima e da terra, e, a<strong>de</strong>mais, fazendo <strong>de</strong> Fortaleza<br />

um importante centro urbano em acentuado progresso.<br />

1 . Nas últimas eleições, disputaram o cargo <strong>de</strong> governador <strong>de</strong> Estado, Tasso Jereissati, pela<br />

coligação PMDB-PCB-PC do B, Adauto Bezerra, pelo PFL-PDS-PTB, e mais o Pe. Haroldo Coelho,<br />

candidato do PT, com expressão eleitoral menor. A certa altura da campanha, quando esta já pendia<br />

acentuadamente para o candidato do PMDB, seus adversários começaram a acusá-lo <strong>de</strong> favorecer o<br />

comunismo, para o qual já estariam reservadas duas Secretarias em seu governo.<br />

2 . Em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Tasso Jereissati saiu imediatamente o Car<strong>de</strong>al-Arcebispo <strong>de</strong> Fortaleza, D.<br />

Aloísio Lorschei<strong>de</strong>r, o qual <strong>de</strong>clarou que não vê nenhum perigo no comunismo em nosso País: Pior<br />

do que ele [o comunismo] é esta falta <strong>de</strong> justiça, e esta falta <strong>de</strong> respeito mútuo, que subvertem toda<br />

a or<strong>de</strong>m – disse o Car<strong>de</strong>al (“O Povo”, Fortaleza, 16-10-86).<br />

Como se o regime comunista não constituísse o amálgama <strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong> injustiça,<br />

muito e muito mais graves do que as injustiças que o regime capitalista po<strong>de</strong> trazer consigo!<br />

A propósito da tônica anticomunista da campanha da coligação PFL-PDS-PTB, o Car<strong>de</strong>al<br />

<strong>de</strong> Fortaleza afirmou ainda, na mesma ocasião, que os que estão usando <strong>de</strong>ssa estratégia são pessoas<br />

que vêem o comunismo como um espantalho (“Jornal da Bahia”, 17-10-86).<br />

Não ver no comunismo um espantalho é uma atitu<strong>de</strong> sensata. Porém, ignorar, por isto, que<br />

o comunismo é um perigo atual <strong>de</strong> exíguas proporções, mas que a qualquer momento po<strong>de</strong><br />

transformar-se em perigo grave, e em seguida iminente, isto importa em <strong>de</strong>sconhecer as lições da<br />

História.<br />

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