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1987 - Projeto de Constituiçao angustia o país

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Também o “Diário da Constituinte”, ‘elaborado pelo Congresso Nacional e apresentado<br />

diariamente nas emissoras <strong>de</strong> TV, nos horários nobres’, entrou nesse coro publicitário, segundo “O<br />

Estado <strong>de</strong> S. Paulo” (20-6-87): Uma amostragem do programa nos meses <strong>de</strong> abril e maio revelou,<br />

por exemplo, que o <strong>de</strong>putado Aldo Arantes (PC do B-GO) <strong>de</strong>u cinco entrevistas, a <strong>de</strong>putada Cristina<br />

Tavares (PMDB-PE), também cinco e Artur da Távola (PMDB-RJ), seis. Com apenas 15<br />

constituintes, o PT <strong>de</strong>u mais <strong>de</strong> 20 entrevistas, enquanto o PTB, com 19 parlamentares, só <strong>de</strong>u seis,<br />

e Fernando Henrique Cardoso apareceu quase diariamente.<br />

O <strong>de</strong>putado José Egreja critica o mesmo “Diário da Constituinte”: não só faz propaganda<br />

dos parlamentares esquerdistas, como difun<strong>de</strong> suas idéias através <strong>de</strong> reportagens. Segundo ele, esse<br />

programa vem sendo manipulado por grupos <strong>de</strong> esquerda coor<strong>de</strong>nados pelo Deputado Marcelo<br />

Cor<strong>de</strong>iro (PMDB-BA), com o objetivo <strong>de</strong> promover a reforma agrária e a intervenção do Estado na<br />

economia. – Ele [o <strong>de</strong>putado Marcelo Cor<strong>de</strong>iro] or<strong>de</strong>nou uma série <strong>de</strong> reportagens mostrando alguns<br />

assentamentos que teriam dado certo, mas a informação é manipulada <strong>de</strong> forma que se mostra um<br />

assentamento que <strong>de</strong>u certo, generalizando completamente o tema, como se a reforma agrária fosse<br />

salvação para os problemas sociais (“O Globo”, 16-7-87).<br />

5 . Vitoriosa flexibilida<strong>de</strong> tática da minoria esquerdista<br />

A minoria esquerdista adapta rapidamente suas táticas às necessida<strong>de</strong>s do momento: A<br />

superiorida<strong>de</strong> numérica dos conservadores e privativistas na Constituinte já provocou uma mudança<br />

<strong>de</strong> tática do grupo oposto, classificado <strong>de</strong> estatizante ou progressista. Por orientação <strong>de</strong> Covas, os<br />

anteprojetos das comissões serão menos radicais que os produzidos pelas subcomissões (“Jornal da<br />

Tar<strong>de</strong>”, São Paulo, 27-5-87).<br />

Essas manobras nem sempre passam <strong>de</strong>spercebidas, como mostra “Zero Hora” (9-6-87): O<br />

<strong>de</strong>putado Men<strong>de</strong>s Ribeiro (PMDB-RS) <strong>de</strong>nunciou a existência <strong>de</strong> uma máquina <strong>de</strong> comunicação<br />

insuspeitadamente montada para cubanizar o Brasil. Segundo ele, a esquerda festiva, com menos <strong>de</strong><br />

120 votos, consegue aparentar o inexistente, graças a manobras, golpes <strong>de</strong> mão e espalhafato.<br />

Para Men<strong>de</strong>s Ribeiro, a esquerda festiva está apostando na <strong>de</strong>sorganização da maioria. ...<br />

A prepon<strong>de</strong>rância das minorias tem a malícia das ditaduras.<br />

A flexibilida<strong>de</strong> tática da esquerda é apontada em comentário <strong>de</strong> José Nêumanne Pinto: Os<br />

pequenos partidos <strong>de</strong> esquerda e a ala ‘xiita’ do PMDB mostraram ser raquíticos <strong>de</strong> corpo e<br />

membros, mas ágeis e hábeis pela organização cerebral (“Jornal do Brasil”, 15-4-87).<br />

6 . Verda<strong>de</strong>ira “patrulha i<strong>de</strong>ológica” procura influenciar o rumo das <strong>de</strong>cisões<br />

No país dos rótulos e das siglas – escreve Gilberto Souza Gomes Job no “Jornal do Brasil”<br />

(28-5-87) – se formaram as conhecidas ‘patrulhas i<strong>de</strong>ológicas’. No caso específico da Assembléia<br />

Constituinte – continua o articulista – esse patrulhamento é efetuado por uma parcela numerosa <strong>de</strong><br />

jornalistas que, embora não representem a opinião do jornal em que trabalham, acabam por<br />

influenciar os políticos <strong>de</strong> forma subliminar ou por via direta, já que espalham sua i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a crônica política até as matérias <strong>de</strong> cunho científico. Daí o paradoxo <strong>de</strong> agredirem a semântica,<br />

utilizando a palavra progressista para nomear os parlamentares <strong>de</strong> formação estatizante, enquanto<br />

picham <strong>de</strong> reacionários, ventríloquos ou, com muita boa vonta<strong>de</strong>, conservadores, aqueles que<br />

acreditam na liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativa como pressuposto das <strong>de</strong>mais liberda<strong>de</strong>s.<br />

“O Estado <strong>de</strong> S. Paulo” (25-6-87) fornece outros <strong>de</strong>talhes sobre o modo <strong>de</strong> agir <strong>de</strong>ssas<br />

patrulhas: Idéias e propostas liberais são <strong>de</strong>fendidas com alguma timi<strong>de</strong>z, enquanto as colocações<br />

Depois <strong>de</strong> um mês, durante o qual passou noites em claro <strong>de</strong>bruçado sobre a proposta <strong>de</strong> regimento interno<br />

da Constituinte, Edmilson está mais à vonta<strong>de</strong> em Brasília, diz que conseguiu vencer parte <strong>de</strong> sua timi<strong>de</strong>z natural e não<br />

fica mais no fundo do plenário: ‘Vou para o bolo, junto com os outros’. ...<br />

Aos poucos Edmilson apren<strong>de</strong> a adaptar sua postura combativa <strong>de</strong> militante sindical ao jogo <strong>de</strong> cintura<br />

necessário o parlamentar.<br />

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