1987 - Projeto de Constituiçao angustia o país
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‘progressistas’ (para dizer claramente, <strong>de</strong> fumaças marxistas) são feitas às escâncaras porque as<br />
‘patrulhas’ cobram eficientemente e as galerias trovejam em uníssono, conduzindo votos e refazendo<br />
opiniões.<br />
O “Jornal do Brasil” (6-6-87) alerta: Ao aproximar-se a hora <strong>de</strong>cisiva para o Brasil, na<br />
Constituinte, a realida<strong>de</strong> convoca a presença ativa da maioria que, até agora, se manteve calada. ...<br />
além <strong>de</strong> calada, foi silenciada por um patrulhamento.<br />
O Car<strong>de</strong>al-Arcebispo do Rio <strong>de</strong> Janeiro, D. Eugênio Sales, em artigo intitulado A Ditadura<br />
das Minorias (“O Globo”, 4-7-87), também adverte: Infelizmente, o patrulhamento i<strong>de</strong>ológico<br />
atingirá seus objetivos se não houver oposição das pessoas sensatas.<br />
7 . Ante a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma Constituição menos avançada, a ameaça da<br />
mobilização popular<br />
As esquerdas receiam, entretanto, que o texto final da Constituição seja menos radical do<br />
que os Anteprojetos inicialmente elaborados.<br />
A razão é que, segundo pon<strong>de</strong>ra Plinio <strong>de</strong> Arruda Sampaio, apesar <strong>de</strong> os relatores<br />
esquerdistas orientarem o trabalho das Comissões temáticas, uma Assembléia predominantemente<br />
conservadora o bombar<strong>de</strong>ará e o <strong>de</strong>sfigurará com emendas reacionárias. O resultado, nesta<br />
hipótese, só po<strong>de</strong>rá ser uma Constituição ‘Frankenstein’ (“Folha <strong>de</strong> S. Paulo”, 25-4-87).<br />
A solução para o caso, prossegue Arruda Sampaio, é a mobilização popular, a qual<br />
apresentando uma forte pressão da massa popular sobre os grupos hoje dominantes, fará com que<br />
uma Assembléia conservadora vote uma Constituição progressista.<br />
Essa é a ameaça das esquerdas: Para o <strong>de</strong>putado Wladimir Palmeira (PT-RJ), se o<br />
entendimento não for possível, só resgatará aos ‘progressistas’ mobilizar as forças populares para<br />
sensibilizar o plenário da Comissão, na votação final (“O Globo”, 28-5-87).<br />
O “Jornal do Brasil” (20-6-87) noticia que diversos partidos, como o PCB, estão<br />
organizando caravanas nos Estados para garantir a participação popular nas votações.<br />
O senador Afonso Arinos já se expressara no mesmo sentido:<br />
Um milhão <strong>de</strong> pessoas, vindas <strong>de</strong> todas as partes do país, viajando <strong>de</strong> ônibus, carros, por<br />
todos os meios <strong>de</strong> transportes, estarão concentradas na Praça dos Três Po<strong>de</strong>res, em frente ao<br />
Congresso, em Brasília, no segundo semestre <strong>de</strong>ste ano, quando a Constituinte começar a discutir e<br />
votar a futura Constituição.<br />
A previsão do senador Afonso Arinos (PFL-RJ) dá a medida da sua expectativa <strong>de</strong> uma<br />
participação popular intensa e <strong>de</strong>cisiva na <strong>de</strong>finição dos pontos fundamentais da Constituição da<br />
Nova República (Villas-Bôas Corrêa, “Jornal do Brasil”, 15-3-87).<br />
Outras formas <strong>de</strong> pressão vão sendo preparadas. João Amazonas, presi<strong>de</strong>nte do PC do B, em<br />
conversa com o senador Covas, disse ter sido alertado pela Contag <strong>de</strong> que ocorrerão invasões<br />
anárquicas <strong>de</strong> terras se a reforma agrária não ficar estabelecida na Constituição, o que criaria uma<br />
instabilida<strong>de</strong> institucional muito gran<strong>de</strong> no País (“O Globo”, 29-5-87).<br />
Prevendo essa possibilida<strong>de</strong>, os Constituintes da esquerda radical ameaçavam não assinar a<br />
Carta Magna, se ela não correspon<strong>de</strong>r às suas metas: Não assinamos e ainda faremos uma gran<strong>de</strong><br />
campanha para que, em plebiscito popular, a nova Constituição não entre em vigor’, afirma José<br />
Genoino, do PT (“Folha <strong>de</strong> S. Paulo”, 19-6-87).<br />
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