1987 - Projeto de Constituiçao angustia o país
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cobertos <strong>de</strong> residências seguras, saudáveis e cômodas – estivesse fixada espontaneamente uma<br />
população dotada <strong>de</strong> todos os recursos higiênicos, escolares, recreativos e outros!<br />
Que vitória para o comunismo internacional se, <strong>de</strong> regresso da Rússia, os Prelados da<br />
Congregação para a Doutrina da Fé, ao mesmo tempo assessorados e controlados por ditas<br />
autorida<strong>de</strong>s aci<strong>de</strong>ntais insuspeitas, tivessem que reconhecer a magnificência <strong>de</strong> tudo quanto haveriam<br />
visto. Em conferência ilustrada por sli<strong>de</strong>s, filmes e aparelhos <strong>de</strong> som <strong>de</strong> toda or<strong>de</strong>m, e na presença do<br />
Sacro Colégio, <strong>de</strong> todo o corpo diplomático acreditado junto ao Vaticano, e um número incontável<br />
<strong>de</strong> repórteres da imprensa escrita e falada da Itália e do Mundo, proclamariam eles assim, lealmente,<br />
o infundado <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>núncias. Que fonte <strong>de</strong> entusiasmo para os Frei Boff, os Frei Beto, e quantos<br />
congêneres vicejam nos meios católicos <strong>de</strong> quase todo o mundo!<br />
Porém, esse <strong>de</strong>safio, nenhuma autorida<strong>de</strong> soviética o fez. E bem sabem elas, bem sabe o<br />
mundo inteiro por quê...<br />
Pelo contrário, presenciamos o mea culpa do silêncio contrafeito e vexado das autorida<strong>de</strong>s<br />
soviéticas, face ao documento da Santa Sé.<br />
Confirmando involuntariamente esse documento, partiu, não muito <strong>de</strong>pois, do próprio<br />
secretário-geral do PC russo, outro implícito mas espetacular mea culpa. Foi o lançamento – por ele<br />
feito – da farfalhante “abertura” (glasnost), em que, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o mais cre<strong>de</strong>nciado expoente do<br />
aparelhamento político da Rússia soviética, o “camarada” Gorbatchev <strong>de</strong>nunciou a gravíssima<br />
ineficácia, para não dizer contraproducência, do sistema sócio-econômico até agora aplicado na<br />
Rússia, e <strong>de</strong>u início ao <strong>de</strong>scongelamento do regime marxista <strong>de</strong> capitalismo <strong>de</strong> Estado.<br />
* * *<br />
Pois, no preciso momento em que, às repercussões ainda vivas do documento da<br />
Congregação para a Doutrina da Fé, se juntam as revelações espetaculares do camarada presi<strong>de</strong>nte<br />
do Soviete supremo, é muito <strong>de</strong> recear que, com base no <strong>Projeto</strong> <strong>de</strong> Constituição atualmente em<br />
<strong>de</strong>bate, o Brasil seja arrastado a um regime sócio-econômico comunistizante, o qual, se não<br />
<strong>de</strong>smantela a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> coisas até aqui vigente – inegavelmente próspera – nosso País chegue a<br />
apresentar um aspecto impressionantemente parecido ao da Rússia soviética.<br />
É para este <strong>de</strong>sfecho sinistro que o Brasil da nova Constituição ficará posto em marcha<br />
acelerada e irreversível, se afinal o sobressalto patriótico e salutar dos srs. Constituintes e <strong>de</strong> nossa<br />
opinião pública não frear com urgência o curso das coisas na Assembléia <strong>de</strong> que aqueles participam.<br />
* * *<br />
Com efeito, se <strong>de</strong> um lado o Substitutivo do <strong>Projeto</strong> <strong>de</strong> Constituição apresentado pelo relator<br />
da Comissão <strong>de</strong> Sistematização não for reformado a fundo pela clarividência e prudência dos srs.<br />
Constituintes, a família brasileira terá dado um passo a mais rumo ao estado <strong>de</strong> inteira aniquilação<br />
em que a pôs a Constituição soviética.<br />
A Reforma Agrária socialista e confiscatória, já hoje vigente em virtu<strong>de</strong> da aplicação<br />
cumulativa do Estatuto da Terra e do PNRA, se agravará do modo mais consi<strong>de</strong>rável.<br />
Está na or<strong>de</strong>m das coisas que a introdução da Reforma Agrária ateie o incêndio da Reforma<br />
Urbana, representado pelas invasões <strong>de</strong> terrenos urbanos, <strong>de</strong> que já se fez um vigoroso e ameaçador<br />
ensaio nos primeiros meses do corrente ano, em vários pontos do País. Seguir-se-á inevitavelmente o<br />
intento <strong>de</strong> Reforma da Empresa industrial ou comercial, em favor da qual reivindicações já se fazem<br />
ouvir cá e acolá (cfr. Parte IV, Caps. III, IV e V).<br />
A<strong>de</strong>mais, uma gigantesca Reforma da Saú<strong>de</strong> porá nas mãos do Estado totalitário brasileiro<br />
toda a medicina no Brasil 2 .<br />
2<br />
A propósito <strong>de</strong>ste último tema, a Comissão <strong>de</strong> Estudos Médicos <strong>de</strong>sta Socieda<strong>de</strong> vem publicando em diversos<br />
pontos do País a Carta aberta da TFP alertando os srs. Constituintes sobre a estatização da Medicina. O documento,<br />
que <strong>de</strong>nuncia os dispositivos estatizantes contidos no <strong>Projeto</strong> elaborado pela Comissão <strong>de</strong> Sistematização, vem obtendo<br />
a mais viva repercussão nos meios médicos do País.<br />
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