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Edição Nº 19 - Uneb

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José Eduardo Ferreira Santos<br />

de promover o encontro dos alunos com a cultura<br />

musical baiana através de seus representantes<br />

muitas vezes marginalizados pelas emissoras<br />

de rádio, mas que são fundamentais para<br />

o entendimento do contexto cultural da Bahia.<br />

Realizando encontros com cantores e compositores<br />

como Roberto Mendes, Riachão e<br />

Jussara Silveira, pude compreender que a sala<br />

de aula é o espaço de promover descobertas de<br />

que há personalidades que carregam traços da<br />

nossa identidade em seu fazer artístico, existindo<br />

mesmo contra todas as limitações que lhes<br />

são proporcionadas pelos meios de comunicação.<br />

Roberto Mendes, Jussara Silveira e Riachão<br />

foram significativos na minha trajetória educativa,<br />

porque mostraram que a música de qualidade<br />

existe e é possível manter um intercâmbio<br />

com os alunos e possibilitar que eles aprendam<br />

que há a possibilidade de escolhas diante da<br />

massificação musical da qual sofremos diariamente.<br />

A proposição dessas modalidades musicais<br />

nascidas e desenvolvidas nas tradições do<br />

Recôncavo baiano requer a consciência de uma<br />

democratização da cultura, conforme a proposta<br />

de Hermínio Bello de Carvalho que retoma o<br />

dito de Mário de Andrade, segundo o qual é<br />

preciso “abrasileirar o brasileiro’’.<br />

Roberto Mendes fez o lançamento do seu<br />

CD Tradição para os alunos do Centro Educativo<br />

João Paulo II, promovendo o encontro com<br />

uma cultura tão próxima a nós, baianos, mas ao<br />

mesmo tempo tão sonegada pela mídia.<br />

Uma base metodológica é promover os encontros<br />

culturais como formas de integração e<br />

conhecimento da cultura na qual os alunos estão<br />

inseridos. Essas três apresentações e os<br />

encontros, ao longo dos anos, mostraram-se<br />

como fomentadores de uma possibilidade de<br />

gosto musical diverso daquele que enche as<br />

rádios baianas, onde o gosto duvidoso torna-se<br />

a tônica dos ouvintes, por não terem acessos a<br />

outros ritmos e expressões musicais como a<br />

música de qualidade que é feita na Bahia e é<br />

esquecida.<br />

Junto a isso, o encontro com o samba de<br />

roda através do livro de Dona Zilda Paim foi<br />

outro momento importante dessas descobertas<br />

educativas.<br />

Os encontros com estes compositores e cantores<br />

foram marcados pelo trabalho preparatório<br />

de conhecimento da obra e da discografia,<br />

muitas vezes por alguns meses, antecipando o<br />

diálogo que se estabeleceria. A partir deste<br />

trabalho anterior aconteceram as apresentações<br />

no espaço aberto do Centro Educativo João<br />

Paulo II, onde os educandos e educadores puderam<br />

conhecer pessoalmente essas personalidades,<br />

estabelecendo com eles um contato<br />

importante, mostrando que há possibilidades de<br />

interlocução com as pessoas que desenvolvem<br />

atividades artísticas. Conhecê-los pessoalmente<br />

foi uma oportunidade única na vida de centenas<br />

de crianças e adolescentes, pois, a partir<br />

daí, ficaram estabelecidos em suas memórias<br />

os momentos de encontro e relacionamento.<br />

Os educandos cantaram, ouviram e fizeram<br />

perguntas a cada um dos artistas presentes, promovendo<br />

um encontro cultural e intergeracional,<br />

pautado pela curiosidade e pela liberdade.<br />

OS SAMBAS DE RODA DO RECÔN-<br />

CAVO BAIANO NA SALA DE AULA<br />

Entramos em contato, por intermédio do amigo<br />

Hermínio Bello de Carvalho, com a obra da professora<br />

e folclorista Zilda Paim, uma senhora de<br />

oitenta anos que recolheu e guardou, através de<br />

registro escrito, grande parte da cultura popular<br />

do Recôncavo da Bahia, em especial da região<br />

de Santo Amaro da Purificação, num livro<br />

intitulado Relicário Popular, editado pela Secretaria<br />

de Educação e Cultura, no ano de <strong>19</strong>99.<br />

Ao aproximar-nos das festividades do folclore<br />

resolvemos utilizar o seu livro nas nossas<br />

atividades deste ano. Este livro tem a peculiaridade<br />

de ser uma obra viva, que guarda muitos<br />

elementos culturais ainda presentes em toda a<br />

Bahia, como a capoeira, os sambas, os refrões,<br />

as comidas e outros elementos.<br />

As educandas do curso de monitoras de creche,<br />

por sua vez, resolveram escolher uma das<br />

partes do livro para trabalhar em sala e desenvolver<br />

uma apresentação. A idéia aprovada<br />

pelos educandos foi a de selecionar os sambas<br />

de roda e fazer um pot pourri, com uma verdadeira<br />

roda e apresentação.<br />

Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 113-133, jan./jun., 2003<br />

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