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Edição Nº 19 - Uneb

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Eduardo Alfredo Morais Guimarães<br />

atividade ritual tem por objetivo essencial estabelecer,<br />

reproduzir ou renovar as identidades<br />

individuais e coletivas. É preciso acrescentar<br />

que o processo de formação de identidades está<br />

no cerne das relações que os habitantes estabelecem<br />

com a sua cidade. A substituição do<br />

caráter utópico do ritual pelo permitido tem<br />

correspondido a um enfraquecimento da lógica<br />

simbólica da festa, a uma falha no par identidade/alteridade<br />

utilizando as palavras de Marc<br />

Augé. É ainda sobre a problemática da identidade<br />

que consideramos importante dizer ainda<br />

uma palavra: a identidade é o núcleo em torno<br />

do qual se articula toda organização social.<br />

CONCLUINDO...<br />

Como já afirmamos anteriormente, a atividade<br />

ritual possui o objetivo essencial reproduzir<br />

ou renovar identidades individuais e coletivas.<br />

Uma leitura parcial do ritual elaborada em<br />

função dos interesses dos empresários da cultura<br />

e, em especial, do turismo, empreendida<br />

pelo órgãos públicos, tem como efeito principal<br />

obscurecer o significado da festa. Não obstante<br />

o zelo missionário dos nossos dirigentes, os<br />

fatos revelam a impossibilidade de um único significado<br />

para o ritual da Lavagem do Bonfim.<br />

Atraídos por uma disposição etnocêntrica foi<br />

fácil compreender a lavagem do Santuário do<br />

Bonfim apenas como uma versão sincretizada<br />

das “Águas de Oxalá”; portanto, a contrição<br />

e o respeito próprios da cerimônia dedicada ao<br />

orixá do Candomblé (VERGER, <strong>19</strong>81, p.261)<br />

deveriam imperar em todos os momentos do<br />

ritual: apenas os blocos afros, afoxés e pequenos<br />

grupos de percussão deveriam ser tolerados.<br />

O ritual da lavagem simbólica da Igreja do<br />

Bonfim se transveste, usando as palavras de<br />

Favareto, em efeméride oficial, transformada<br />

em ‘macumba para turista ’ .<br />

REFERÊNCIAS<br />

ABRAHAMS, Roger D. The language of festivals celebrating the economy. In: TURNER, Victor. Celebration<br />

studies in festivity and ritual. Washington DC., Smithsonian Institution Press, <strong>19</strong>82, p. 161-177.<br />

ALLEAU, René. A ciência dos símbolos. Lisboa, Edições 70, <strong>19</strong>82.<br />

ALVES, Isidoro. O carnaval devoto. Petrópolis: Vozes, <strong>19</strong>80.<br />

AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas: Papirus, <strong>19</strong>94.<br />

_____. O sentido dos outros. Petrópolis: Vozes, <strong>19</strong>99.<br />

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais.<br />

São Paulo, SP: Hucitec, <strong>19</strong>87.<br />

BERKENBROCK, Volnei. A experiência dos Orixás. Petrópolis: Vozes, <strong>19</strong>97.<br />

BRUNI, José Carlos. A água e a vida: tempo social. Rev. Sociol. USP, São Paulo, SP, v. 5, n. 1-2, p.53-65, <strong>19</strong>93.<br />

BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, <strong>19</strong>89.<br />

CARVALHO FILHO, José Eduardo Freire de. A devoção do Senhor Jesus do Bom Fim e sua história.<br />

Salvador: Typ. de São Francisco, <strong>19</strong>23.<br />

CAZENEUVE, Jean. Sociologia do rito. Porto, Portugal: Rés, [<strong>19</strong>-?].<br />

COSTA LIMA, Vivaldo da. Festa e religião no centro-histórico. Salvador, <strong>19</strong>91. (Apostila do Curso de<br />

Folclore Antonio Viana - Academia de Letras da Bahia).<br />

DAMATTA, Roberto. Ensaios de Antropologia Estrutural. Petrópolis: Vozes, <strong>19</strong>73.<br />

_____. Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, <strong>19</strong>79.<br />

DURKHEIM, Emile. As formas elementares de vida religiosa. São Paulo, SP: Paulinas, <strong>19</strong>89.<br />

Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 135-146, jan./jun., 2003<br />

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