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Edição Nº 19 - Uneb

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Antonio Sérgio Alfredo Guimarães<br />

O ACESSO DE NEGROS ÀS UNIVERSIDADES PÚBLICAS<br />

Antonio Sérgio Alfredo Guimarães *<br />

RESUMO<br />

Neste artigo, analiso o movimento por ações afirmativas, restringindo-me<br />

ao sistema de educação superior do país, justamente o setor mais visado<br />

pelas demandas dos militantes negros. Tais demandas encontraram respostas<br />

quase que imediatas do sistema político brasileiro, tanto por parte<br />

do governo, quanto por parte dos políticos, ainda que continue encontrando<br />

fortes resistências da sociedade civil. O meu objetivo principal é<br />

compreender as razões dessas reações tão díspares. A análise, entretanto,<br />

é antecedida por uma rápida apresentação tanto dos problemas educacionais<br />

do país, quanto das medidas que vêm sendo adotadas pelo governo<br />

e pelo sistema político em geral para contorná-los ou solucioná-los.<br />

Palavras-chave: Ação afirmativa - Negros - Educação Superior - Brasil<br />

ABSTRACT<br />

THE ADMISSION OF BLACKS TO PUBLIC HIGHER<br />

EDUCATION IN BRAZIL<br />

In this article I analyse the campaign for affirmative action policies,<br />

specifically in the national system of higher education, which is precisely<br />

the sector that is the target of demands by Black activists. These demands<br />

drew an immediate and positive response from the Brazilian political<br />

system, in the sense of the government apparatus and individual<br />

politicians. However, civil society is still very resistant. My main aim is<br />

to understand the reasons underlying these quite disparate reactions.<br />

The analysis is preceded by a brief overview of the problems in the<br />

education sector in general, as well as of the governmental measures<br />

being adopted to tackle these problems.<br />

Key words: Affirmative action – Blacks – Higher Education – Brazil<br />

Em <strong>19</strong>78, quando diversas organizações políticas<br />

e culturais negras se reuniram, em São<br />

Paulo, para fundar o Movimento Negro Unificado<br />

Contra a Discriminação Racial, as suas<br />

bandeiras de luta já não eram as mesmas herdadas<br />

da tradição das organizações negras<br />

paulistas, que remontam aos anos <strong>19</strong>20. Naqueles<br />

anos, as organizações negras nutriam o<br />

diagnóstico de que, mesmo que o “preconceito<br />

de cor” fosse um empecilho para o desenvolvimento<br />

e a integração social do povo negro brasileiro,<br />

o principal problema estava nos próprios<br />

negros, principalmente na carência de condições<br />

para competir no mercado de trabalho,<br />

*<br />

PHD em Sociologia pela Universidade de Wisconsin, Madison – EUA, e Livre docente pela USP. Professor<br />

da USP. Endereço para correspondência: Departamento de Sociologia – USP, Av. Luciano Gualberto, 315,<br />

Cidade Universitária – 06342.010 São Paulo, SP, Brasil. E-mail: asguima@uol.br<br />

Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. <strong>19</strong>1-204, jan./jun., 2003<br />

<strong>19</strong>1

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