20.10.2014 Views

Edição Nº 19 - Uneb

Edição Nº 19 - Uneb

Edição Nº 19 - Uneb

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A (re)construção da identidade étnica afro-descendente a partir de uma proposta alternativa de educação pluricultural<br />

practices in this field are still sparse and located in an embryonary phase.<br />

The lack of serious politics and of material, pedagogical and didactic<br />

investment on the part of the directors of education still allow that the Afroaborigine<br />

ethnical matrixes be sketched by many professionals who lack<br />

theoretical references for the consecution of a project of such meaningful<br />

importance. Educators lack the incorporation, in a courageous way, of the<br />

pedagogical and dialogical praxis, of multicultural proposals that fully attend<br />

to the everyday demands of school. While this does not happen in a<br />

systematized and recognized way in schools, only isolated experiences occur,<br />

which work in pursue of the construction of an ethnic, social, cultural and<br />

citizen-like identity for Afro-descendants. These experiences, associated to<br />

the aborigine references, work on ethnic-cultural aspects, which aim at the<br />

construction of this group as individuals-subjects. In this article, we present<br />

a pedagogical-curricular proposal that has prioritized the construction of the<br />

plural identity in the interethnic perspective. The elaboration of the text was<br />

realized departing from the analysis of an individual experience, through the<br />

narrative of a young Afro-descendant, participant of a technicalprofessionalizing<br />

course that has privileged the aspects of her ethnic matrixes.<br />

Key words: Education – Ethnic Identity – Afro-descendants – Pluri-cultural<br />

Education<br />

1. Pluriculturalidade: problematizando<br />

a questão da diversidade cultural<br />

As propostas de educação pluricultural pressupõem<br />

a aceitação dos valores essenciais dos<br />

diversos povos ou grupos culturais que compõem<br />

um país, buscando referências e estimulando<br />

pensamentos e práticas sociais que permitam<br />

a todos seus cidadãos construir uma sociedade<br />

e uma visão de mundo que proporcione<br />

inclusão e justiça social. Estas propostas visam<br />

promover, em todos os sujeitos sociais, a<br />

auto-estima, a inserção social e a identidade<br />

étnico-cultural e política. No nosso contexto histórico,<br />

a premissa básica é fazer com que os<br />

historicamente oprimidos 1 pelos valores coloniais<br />

hegemônicos – que se perpetuam até os dias<br />

de hoje – avaliem criticamente a realidade, sobretudo<br />

o referencial eurocentrista, enquanto<br />

modelo civilizatório preponderante e possam<br />

concretamente superá-lo, fazendo emergir seus<br />

próprios valores.<br />

Considerando-se especificamente a questão<br />

da educação pluricultural e do nosso modelo<br />

hegemônico eurocentrista, a partir da realidade<br />

da Cidade do Salvador, podemos afirmar que,<br />

apesar de alguns avanços, as representações<br />

da África e dos africanos ainda são construídas<br />

através da perspectiva eurocêntrica darwinistailuminista.<br />

O “carnaváfrica” 2 foi um grande<br />

exemplo disto. A África que foi apresentada nos<br />

painéis, nas imagens e figuras durante o carnaval<br />

de Salvador, no ano de 2001, nada mais foi<br />

do que a clonagem de uma África e de um africano<br />

primitivo, neolítico, habitante de savanas.<br />

A África não é isto. Sabemos que grandes civilizações<br />

prosperavam naquele continente por<br />

ocasião do impacto colonial, promovido pela<br />

expansão capitalista do século XV. Hoje, existem<br />

grandes conglomerados urbanos e uma<br />

cultura material e espiritual diferenciada e privilegiada.<br />

1<br />

Negros, índios, mulheres, crianças, ciganos e outras tantas<br />

minorias silenciadas e massacradas ao longo da História.<br />

2<br />

Tema do carnaval de Salvador no ano de 2001, a partir da<br />

qual a África foi representada através das savanas e da<br />

vida selvagem; e o africano, por sua vez, estilizado e estigmatizado<br />

em trajes e modos de vida exclusivamente<br />

tribais.<br />

82 Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 81-98, jan./jun., 2003

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!