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Edição Nº 19 - Uneb

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José Eduardo Ferreira Santos<br />

Na área do Subúrbio aconteceram diversos<br />

aldeamentos jesuítas, que foram as primeiras<br />

tentativas de catequese, e também de fabricação<br />

do açúcar em pequenos engenhos, como os<br />

de São Paulo, a 6 km da cidade, em Brotas; São<br />

João, mais para o interior, “dos lados de Plataforma”,<br />

a cerca de 30 km; e “Espírito Santo [Sancti<br />

Spiritus], no rio Joanes, a 18 km” (CARVALHO,<br />

<strong>19</strong>98, p.44).<br />

Foi um jesuíta, o padre Manuel da Nóbrega, o<br />

conselheiro do Governador-Geral “Mem de Sá ao<br />

iniciar o governo em 3 de janeiro de 1558”<br />

(TOURINHO, <strong>19</strong>64, p.27). Graças a esses conselhos,<br />

Mem de Sá “pôs em prática medidas que<br />

revelaram notável inteligência das cousas (sic) da<br />

terra”. Coibiu a usura. Definiu a “guerra justa” contra<br />

o gentio. Proibiu a antropofagia. Determinou o<br />

aldeamento dos silvícolas em povoações grandes<br />

em forma de repúblicas, com igrejas e casas<br />

para os da Companhia. Daí as “Reduções” em<br />

torno da Cidade do Salvador daqueles tempos: a<br />

do Monte Calvário, no Carmo; a de São Sebastião<br />

do Tubarão, em São Bento; a de Santiago, entre a<br />

Piedade e São Raimundo; a do Simão, no Forte<br />

de São Pedro; a do Rio Vermelho e a de São João,<br />

em Plataforma, “nos domínios do morubixaba que<br />

se chamou Boirangaóba.”<br />

Um grande jesuíta, o padre José de Anchieta,<br />

repousou “para recuperar a saúde em 1566” na<br />

igreja de Nossa Senhora de Escada, no bairro<br />

homônimo, e foi mandado a este local devido às<br />

boas condições de clima do lugar e a boa qualidade<br />

do ar (AZEVEDO, <strong>19</strong>97, p.96).<br />

Consta da tradição e de relatos que foi num<br />

aldeamento jesuíta, o São João, que ficava entre<br />

o São João do Cabrito e Pirajá, que o padre Antônio<br />

Vieira pregou seu primeiro sermão público,<br />

proferido em 1633.<br />

A Estrada das Boiadas<br />

Junto às colinas de Pirajá há uma estrada,<br />

denominada Estrada das Boiadas, hoje asfaltada,<br />

que se tornou a primeira via de acesso dos<br />

portugueses colonizadores para o interior e sertão<br />

da Bahia, e por onde se embrenharam para<br />

conquistar os locais mais afastados, num movimento<br />

comumente denominado de entradas e<br />

bandeiras. A estrada das Boiadas ligava o litoral<br />

do subúrbio ao sertão, pela hoje BR 324, e era<br />

uma importante via de acesso estratégica para<br />

se chegar à cidade do Salvador.<br />

Essa estrada foi um ponto estratégico de lutas<br />

e tentativas de invasões da cidade de Salvador,<br />

conforme veremos mais adiante.<br />

Os portugueses<br />

Segundo Bueno (<strong>19</strong>98, p.262), data de 28 de<br />

julho de 1541 a doação da sesmaria de Pirajá ao<br />

fidalgo João de Velosa e a de Paripe ao castelhano<br />

Afonso de Torres, onde iniciaram o plantio da canade-açúcar<br />

e criação de engenhos de açúcar que<br />

se estendiam até o Recôncavo, como os de<br />

Caboto e Matoim, visitados por nós 6 . Esses colonos<br />

atraíram a ira dos tupinambás com a captura<br />

dos índios para o trabalho escravo, o que levou os<br />

mesmos índios a insurgirem-se contra os donatários,<br />

que, ao contrário dos franceses que traficavam<br />

pau brasil e iam embora, se instalaram<br />

nas terras e recrutaram escravos indígenas.<br />

Padre Manoel da Nóbrega, contemporâneo do<br />

fato, diz que os primeiros portugueses provocaram<br />

escândalos que geraram brigas com os<br />

tupinambás, que se uniram e “com cerca de seis<br />

mil guerreiros queimaram os engenhos, mataram<br />

vários portugueses e sitiaram os sobreviventes<br />

...” e, segundo Gabriel Soares de Souza, em seu<br />

Tratado Descritivo do Brasil, redigido em 1580, tudo<br />

isso aconteceu “numa guerra que durou cinco ou<br />

seis anos, passados em grande aperto”. (BUENO,<br />

<strong>19</strong>98, p. 263).<br />

Esses engenhos foram os núcleos iniciais, fundadores<br />

da cultura comercial dentro do Brasil e<br />

principalmente na Bahia, pois significaram o início<br />

dos trabalhos empregados pelos colonizadores na<br />

utilização e desenvolvimento das potencialidades<br />

econômicas da colônia portuguesa.<br />

Os holandeses<br />

Por duas vezes (1624 e 1638) os holandeses<br />

invadiram a Bahia, na cidade de Salvador e nos<br />

seus arredores, no Recôncavo, causando muita<br />

destruição e grandes prejuízos aos donos de engenhos<br />

de açúcar, que tinham suas casas<br />

saqueadas e as igrejas profanadas.<br />

Em 1638, portanto, na segunda invasão, os<br />

holandeses, chefiados pelo príncipe Maurício de<br />

Nassau, invadiram a cidade de Salvador, aportando<br />

6<br />

Pelas 30 alunas do curso de monitoras de creche, junto<br />

com o autor do texto, no ano de 2000, em virtude das<br />

aulas sobre a história do Subúrbio Ferroviário.<br />

Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 113-133, jan./jun., 2003<br />

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