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Edição Nº 19 - Uneb

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Narcimária Correia do Patrocínio Luz<br />

DO MONOPÓLIO DA FALA SOBRE EDUCAÇÃO<br />

À POESIA MÍTICA AFRICANO-BRASILEIRA<br />

Narcimária Correia do Patrocínio Luz *<br />

RESUMO<br />

Analisa o monopólio da fala etnocêntrico-evolucionista que sobredetermina<br />

o pensamento e as políticas de educação nas sociedades contemporâneas,<br />

instituindo o recalque aos valores existenciais de povos<br />

milenares. Destaca com veemência a erudição da episteme africana e<br />

suas linguagens transcendentais, indicando outras perspectivas que envolvem<br />

o rico universo emocional-lúcido vital para a educação.<br />

Palavras chaves: Arkhé – Ethos – Eidos – Comunalidade<br />

ABSTRACT<br />

FROM THE SPEECH MONOPOLY ABOUT EDUCATION TO<br />

THE MYTHICAL AFRO-BRAZILIAN POETRY<br />

It analyses the monopoly of the ethnocentric-evolutionist speech that<br />

determines the thought and the education politics in the contemporary<br />

societies, instituting the repression of the existential values of millenary<br />

peoples. It highlights vehemently the erudition of the African episteme<br />

and its transcendental languages, indicating other perspectives that involve<br />

the rich emotional-lucid universe, vital to education.<br />

Key words: Arkhé – Ethos – Eidos – Communality<br />

... A vida não é só isso que se vê, é um pouco mais... Que os olhos não conseguem perceber, e as mãos<br />

não ousam tocar, que os pés recusam pisar. Sei lá não sei, sei lá não sei não. Não sei se toda beleza de<br />

que lhes falo sai tão-somente do meu coração. Em Mangueira a poesia, num sobe e desce constante,anda<br />

descalço ensinando um modo novo da gente viver, de cantar,de sonhar, de vencer.<br />

Sei lá não sei, sei lá não sei não, a Mangueira é tão grande que nem tem explicação.<br />

(Hermínio Belo de Carvalho e Paulinho da Viola)<br />

INTRODUÇÃO<br />

A educação concebida para os povos que<br />

tiveram seus destinos sobredeterminados pelo<br />

impacto dos valores do mundo neocolonial-imperialista,<br />

sempre esteve ancorada na ordem<br />

produtiva urbano-industrial, ou seja, a dinâmica<br />

do crescimento econômico, dos índices estatísticos<br />

e contábeis que informem sobre as expectativas<br />

das demandas do mercado, de onde<br />

*<br />

Professora Titular do Departamento de Educação I da Universidade do Estado da Bahia-UNEB; Doutora<br />

em Educação; pesquisadora no campo da Diversidade Cultural e Educação; coordenadora do Programa<br />

Descolonização e Educação – PRODESE; autora dos livros: Abebe – a criação de novos valores na educação,<br />

Salvador: Edições SECNEB/2000; (Org.) Pluralidade cultural e educação, Salvador: Edições SECNEB/<br />

Secretaria da Educação, <strong>19</strong>96; membro da Aliance pour le Monde Responsable et Solidaire, Paris. Endereço<br />

para correspondência: Universidade do Estado da Bahia-<strong>Uneb</strong>, Departamento de Educação I, Estrada das<br />

Barreiras, S/N. Narandiba, Cabula - 41.<strong>19</strong>5001 Salvador-BA. E-mail: narci@terra.com.br<br />

Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 61-80, jan./jun., 2003<br />

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