Edição Nº 19 - Uneb
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Nilce da Silva<br />
QUADRO 3 - As palavras com diferentes sentidos.<br />
Palavra Em São Paulo No nordeste<br />
Academia local onde se pratica esporte jogo da amarelinha<br />
Bambo aquilo que não tem firmeza ter sorte<br />
Bidê aparelho sanitário mesa de cabeceira ou criado-mudo<br />
Articular unir bater-boca, discussão<br />
Cachimbo aparelho para fumar 1) Festa para comemorar o nascimento do filho;<br />
2) Bebida; 3) Apelido para soldado de polícia;<br />
4) Vagina<br />
Marinheiro funcionário da marinha Em Alagoas, coco verde. Em Pernambuco,<br />
negociante. No Ceará, estrangeiro<br />
Nata a melhor parte de qualquer coisa, secreção do catarro<br />
a elite, parte gordurosa do leite<br />
Nordeste nome da região do Brasil além do nome da região, doença que dizima o<br />
povo<br />
Pereba pequena ferida de crosta dura e fraco, sem qualidade<br />
espessa<br />
QUADRO 4<br />
– Expressões típicas do nordeste.<br />
Expressão<br />
Amarrar a cabra<br />
Amarrar o bode<br />
Arrotar farofa<br />
Com a gota-serena<br />
De boi<br />
História para menino<br />
dormir sem ceia<br />
Sentido<br />
beber demais da conta<br />
ficar de mau humor<br />
contar valentia, proeza<br />
enfurecido<br />
menstruada<br />
conversa mole<br />
10) Outra modalidade do lambdacismo: troca<br />
do r por l: calvão, celveja, galfo... Como<br />
se deu na história da língua: o provençal paper<br />
virou nosso papel; frol, do português provençal,<br />
virou flor.<br />
Finalmente, recordamos que o gerúndio torna-se<br />
ano para muitos brasileiros: andando,<br />
torna-se andano. Vide o Quadro 2, com os<br />
termos lexicais. Seguem o Quadro 3, relacionando<br />
as palavras com diferentes sentidos, e o<br />
Quadro 4, com algumas expressões típicas do<br />
nordeste.<br />
Em suma, afirmamos que, a partir da análise<br />
do discurso dos nossos sujeitos, através das<br />
categorias acima apresentadas, do vocabulário<br />
diferenciado que existe no território nacional –<br />
em termos da pronúncia, do vocabulário e até<br />
da gramática – existem variedades lingüísticas<br />
nas salas de aula de ensino supletivo na cidade<br />
de São Paulo, e a conseqüente produção de um<br />
espaço potencial tenso e conflituoso entre<br />
migrantes nordestinos e sociedade letrada paulistana,<br />
já que os primeiros se encontram em lugar<br />
novo, frente a uma nova língua, inclusive<br />
diante de uma nova modalidade da mesma, no<br />
caso, a escrita. E ainda, no nosso ponto de vista,<br />
aprender a ler e a escrever bem a língua<br />
portuguesa não garante o fim do preconceito<br />
existente entre os brasileiros no Brasil, e no<br />
mundo, como procuramos demonstrar.<br />
“ATIVIDADES PEDAGÓGICAS” E<br />
PLURALIDADE CULTURAL EM SALA<br />
DE AULA<br />
Na parte final deste artigo, gostaríamos de<br />
sugerir alguns caminhos que facilitem o trabalho<br />
do professor alfabetizador diante da diversidade<br />
cultural existente nas salas aula.<br />
Sendo assim, propomos alguns eixos que<br />
podem articular grupo necessários de atividades<br />
relativas à demanda em pauta:<br />
1. Diferentes pronúncias da Língua Portuguesa:<br />
apresentar aos alunos diferentes falares<br />
da nossa língua por meio de filmes, músicas<br />
etc<br />
2. Hierarquização social dos diferentes falas:<br />
com a auxílio da área da História mos-<br />
Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 173-180, jan./jun., 2003<br />
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