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Edição Nº 19 - Uneb

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José Eduardo Ferreira Santos<br />

Foi nas matas de Pirajá, São Bartolomeu, onde<br />

se travaram as tão importantes batalhas pela Independência<br />

da Bahia (1823), e também a<br />

Sabinada, movimento separatista chefiado por<br />

Sabino Álvares Vieira que queria que a Bahia fosse<br />

independente do governo Central do Rio de<br />

Janeiro, em 1837 7 , sendo esta uma das tantas<br />

revoluções liberais que aconteceram no Brasil<br />

durante o período Regencial. Os combates entre<br />

as forças revolucionárias e as forças regenciais<br />

também foram travadas no Cabrito, Pirajá, Plataforma<br />

e outras áreas da Cidade Baixa.<br />

A consolidação da Independência do Brasil<br />

deu-se na Bahia, no dia 2 de julho do ano de<br />

1823 após a derrota das forças portuguesas que<br />

ainda estavam na Bahia.<br />

Nas áreas do Cabrito e Pirajá, o Exército Libertador<br />

entrou pela Estrada das Boiadas, e nestes<br />

mesmos locais foram travadas as batalhas<br />

decisivas sob as ordens do General Pedro Labatut<br />

(cujos restos mortais se encontram no<br />

Pantheon, ao lado da Igreja de São Bartolomeu,<br />

em Pirajá), que culminaram na derrota dos portugueses<br />

remanescentes.<br />

Existe, mais acima do Parque, a Barragem do<br />

Cobre, antigo Rio Pirajá, que em tupi significa “viveiro<br />

de peixes”, e que foi represada – hoje abandonada<br />

– para abastecer de água a população do<br />

Subúrbio. É impressionante ver suas dimensões,<br />

pois dificilmente acreditamos que exista tamanha<br />

quantidade d’água dentro de uma área como o<br />

Subúrbio.<br />

Note-se que, enquanto realizamos essas descobertas,<br />

foi surgindo uma história de lutas desde<br />

as ancestralidades africana e indígena que habitaram<br />

as matas de São Bartolomeu. Estudar<br />

a História com as crianças e os adolescentes<br />

foi a possibilidade, também, de fazer uma ponte<br />

com a atualidade e verificar a organização popular<br />

que se dá nos dias atuais em comunidades<br />

pobres como Novos Alagados, que tem,<br />

dentre as suas características, as lutas por melhores<br />

moradias e condições de vida aos habitantes<br />

da área.<br />

Com as aulas pudemos descobrir a origem<br />

de alguns bairros do Subúrbio Ferroviário, detentores<br />

de uma história que sempre foi<br />

sonegada pela historiografia oficial.<br />

Plataforma<br />

Plataforma é um dos bairros mais antigos que<br />

surgiu no Subúrbio. Data da época das primeiras<br />

fazendas da colonização localizadas na área hoje<br />

conhecida como Subúrbio Ferroviário. O nome<br />

plataforma vem de uma construção que facilitava<br />

o embarque dos passageiros, quando da construção<br />

da linha férrea, em 1860. Suas primeiras<br />

habitações surgiram no entorno de uma fábrica<br />

de propriedade da UNIÃO Fabril de Tecidos.<br />

A Fagip, de propriedade da União Fabril de Tecidos<br />

(comprada em 1891), surgiu em 1875, sendo<br />

de propriedade da família Martins Catharino.<br />

Essa fábrica é importante porque em função dela<br />

nasceu o bairro de Plataforma, com suas casas de<br />

operários que foram surgindo em seus entornos.<br />

Até os dias de hoje os seus moradores pagam<br />

pelo arrendamento dos lotes onde habitam (A Tarde,<br />

<strong>19</strong>95). É um bairro dos mais bem localizados<br />

e, nos tempos de bom desenvolvimento, existia a<br />

lancha, o trem e uma grande fábrica que gerava<br />

centenas de empregos.<br />

Segundo dona Antonia, antiga moradora do São<br />

João de Plataforma, nos tempos de funcionamento<br />

da Fagip, o bairro viveu um grande crescimento<br />

econômico, com uma grande quantidade de pessoas<br />

que trabalhavam na fabrica e tinham acesso<br />

a armazém, médicos, e isso estimulava a vinda<br />

de comerciantes de todo o Recôncavo baiano que<br />

ali chegavam para vender seus materiais. 8<br />

Lobato<br />

Mais recentemente, em Lobato, no ano de<br />

<strong>19</strong>39, aconteceu a descoberta do primeiro poço<br />

petrolífero brasileiro, que atraiu um enorme contingente<br />

de pessoas do interior baiano, na esperança<br />

de conseguir emprego e melhores condições<br />

de vida.<br />

A descoberta do petróleo no Lobato deu-se, de<br />

maneira não oficial, em <strong>19</strong>30, pela “curiosidade<br />

do Agrônomo Manuel Inácio Bastos e a sua firme<br />

7<br />

Para maiores detalhes recomendo a obra do autor baiano<br />

Eduardo Tourinho, Alma e Corpo da Bahia, que faz um<br />

estudo detalhado desses acontecimentos, com datas, nomes<br />

e lugares, chegando, inclusive, a entreter o leitor com<br />

sua precisa narrativa.<br />

8<br />

Conversa de dona Antonia com o autor do texto registrada<br />

no dia 10 de setembro de 2000, no São João do Cabrito,<br />

onde a referida senhora comentou aspectos antigos do<br />

bairro.<br />

Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 113-133, jan./jun., 2003<br />

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