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Edição Nº 19 - Uneb

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Relações econômicas no Atlântico Sul: evolução no início do século XXI<br />

Tal como no Brasil, o grande desemprego está<br />

relacionado com as camadas de mais baixo nível<br />

profissional, mas com as atuais taxas de crescimento,<br />

a interrogação de base é se programas<br />

de formação em larga escala não produzirão um<br />

número elevado de desempregados saídos desses<br />

programas, em ambos os países.<br />

Tal como o Real, o Rand também tem foi alvo<br />

de ataques especulativos ou de depressões por<br />

desconfiança do mercado. O ano de 2001 conheceu<br />

a mais vertiginosa queda da moeda sul-africana<br />

e, um inquérito posterior detectou, entre as<br />

causas, uma seqüência de três grandes operações<br />

do Banco da Alemanha (Deutsche Bank)<br />

relativas a três grandes empresas sul-africanas.<br />

No começo do segundo trimestre de 2002, o<br />

Rand recuperou grande parte das perdas do ano<br />

anterior e um acordo (quase todo secreto) de<br />

compensação foi assinado entre o Deutsche e<br />

o Banco de Reserva da África do Sul. De setembro<br />

a dezembro de 2002, a recuperação foi<br />

de 18%, a ponto que, em começo de 2003, os<br />

exportadores queixavam-se que o Rand estava<br />

forte demais (Business Day, vários números de<br />

março 2003).<br />

Assim, apesar de uma inflação que, pela<br />

primeira vez em vários anos, chegou a 10%, o<br />

PIB sul-africano cresceu 2,6%, segundo dados<br />

do Reserve Bank, situando o país acima da<br />

média dos 30 membros da OCDE. Partindo dos<br />

dados do Banco Mundial (WORLD BANK,<br />

2002) para 2001, esta taxa de crescimento situa<br />

o PIB sul-africano na faixa dos 115 bilhões<br />

de USD em 2002.<br />

Nestes primeiros anos do século XXI, a<br />

África do Sul lidera, junto com o Senegal, Egito<br />

e Nigéria, uma campanha internacional para<br />

captação constante de investimentos, capazes<br />

de assegurar o sucesso do programa Nova Parceria<br />

para o Desenvolvimento da África<br />

(NEPAD).<br />

Iniciativas do mesmo tipo já foram tomadas<br />

no passado, sendo os principais exemplos, o<br />

Plano de Lagos na década de setenta – de forte<br />

cunho nacionalista – e um Programa de Recuperação<br />

elaborado na Comissão Econômica<br />

para África da ONU, nos anos oitenta, já mais<br />

“market orientated”.<br />

A NEPAD acentua esta viragem e procura<br />

criar condições de infra-estrutura para a recuperação<br />

das economias africanas sob condições<br />

institucionais estimulantes. Visando uma taxa<br />

de crescimento da ordem dos 7%, durante todo<br />

um período (dificilmente determinável mas que<br />

pode situar-se num mínimo de uma década), as<br />

exigências de investimento seriam de cerca de<br />

64 bilhões de USD anuais, o que é considerado<br />

como incomportável na presente conjuntura<br />

mundial, segundo declarações atribuídas a responsáveis<br />

do G-8.<br />

A viabilidade deste programa e a sua diferença<br />

dos anteriores fracassos, residirá na capacidade<br />

africana de aumentar e mobilizar sua<br />

própria poupança interna, valorizando sua produção<br />

e aumentando os níveis dos recursos<br />

humanos.<br />

De qualquer forma, as expectativas em<br />

relação à NEPAD se estendem a todas as economias<br />

do continente africano e marca o conjunto<br />

de seu relacionamento externo.<br />

Outro projeto que pode marcar as economias<br />

do extremo sul da África, a zona de livre<br />

troca da Comunidade de Desenvolvimento de<br />

África Austral (SADC), vai ganhando contornos<br />

jurídicos, mas na prática pouco avançou em<br />

relação a <strong>19</strong>99. Quer dizer, as trocas entre os<br />

membros não se alterou muito, continuando a<br />

África do Sul a constituir um eixo muito desequilibrado<br />

de troca em função de sua incomparável<br />

capacidade produtiva.<br />

A quarta economia que acompanhamos nesta<br />

pesquisa, Angola, voltou a revelar mais recursos<br />

na área petrolífera e uma maior controle<br />

na extração e comercialização de diamantes,<br />

ficando a produção agrícola e industrial em níveis<br />

exíguos – 7% e 3,5% do PIB respectivamente<br />

– enquanto a inflação permanece em 3<br />

dígitos.<br />

O petróleo permanece acima dos 60% do<br />

PIB e atinge cerca de 80% das exportações.<br />

As importações continuam a centrar-se em<br />

bens de consumo imediato e alguns bens de<br />

equipamento, automóveis sobretudo. Em 2000,<br />

Portugal, com 15,9%, e Estados Unidos, com<br />

10,3%, são os maiores fornecedores, mas a<br />

África do Sul subiu ao terceiro lugar, quase em<br />

208 Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 205-212, jan./jun., 2003

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