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Edição Nº 19 - Uneb

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José Otávio Serra Van-Dúnem<br />

argumentação habitual que, por vezes, exagera<br />

as condições de apatia e despreparo absoluto<br />

do cidadão, considerando-o incapaz, submisso<br />

e insusceptível de ser educado. A educação<br />

política não pode ser entendida como uma via<br />

de mão única – só do Estado para o cidadão,<br />

mas ao invés, pela exigência da pluralidade de<br />

agentes políticos e não só de partidos políticos,<br />

apesar da sua clara e necessária função pedagógica,<br />

em que a tarefa primordial é a de, em<br />

conjunto, criar condições de inclusão de todos<br />

os angolanos no processo de reconstrução.<br />

Neste sentido, a nossa proposta é a seguinte:<br />

1) Estabelecer novos modelos de políticas sociais,<br />

voltados para a promoção da cidadania,<br />

com base na colaboração, formação de<br />

redes sociais e espaços de construção de<br />

consenso. Tais modelos deverão estar de<br />

acordo com os seguintes princípios: papel<br />

mobilizador do poder local; organização dos<br />

atores sociais; melhor gestão de recursos;<br />

estratégias a médio e longo prazo.<br />

2) Os objetivos devem ser: identificação de formatos<br />

de políticas urbanas que combinem<br />

concepções universais/redistributivas e focalizadas/compensatórias;<br />

sistematização e<br />

divulgação de experiências de políticas urbanas,<br />

tanto em relação às relações intragovernamentais,<br />

quanto às relações sociedade<br />

local e poder político local; capacitação,<br />

através de projetos em parceria, dos atores<br />

locais, governamentais e não governamentais,<br />

para formulação e gestão de políticas<br />

urbanas comprometidas com o ideário de<br />

justiça social, voltada para os novos desafios,<br />

e exigências de eficiência; monitoramento<br />

dos atores locais, governamentais e não governamentais,<br />

na elaboração de projetos<br />

estratégicos que permitam a mobilização de<br />

recursos e forças sociais para a busca do<br />

desenvolvimento local a médio e longo prazo;<br />

criação de bancos de dados sobre as<br />

áreas de intervenção, reunindo informações<br />

quantitativas e qualitativas que subsidiem a<br />

avaliação das políticas urbanas.<br />

No fundo, a nossa aposta vai no sentido de<br />

um maior fortalecimento do espaço público onde,<br />

como acima referimos, o cidadão se possa rever.<br />

Aqui chegado é o momento de referir que<br />

nos parece que tal empreitada necessitará de<br />

grande esforço nacional e de boas parcerias<br />

internacionais. E sublinhamos a expressão “boa<br />

parceria”, porquanto nem todas as parcerias têm<br />

sido benéficas. Pensamos ser aqui que o Brasil,<br />

com as suas características próprias de país<br />

periférico já aqui apontadas, pode servir de laboratório<br />

para vários programas que podem vir<br />

a ser implementados em Angola. Isso mesmo<br />

poderá ser uma ação de mão dupla, no sentido<br />

em que haveria uma maior aproximação entre<br />

os nossos Países pela via dos nossos problemas<br />

mais contemporâneos, indo mais além do<br />

normal folclore com que são apresentados.<br />

Possibilitando um novo encontro entre as margens,<br />

não somente para avaliar os processos<br />

de desconstrução da nossa identidade, de que<br />

fomos alvos no passado, mas para pensar como<br />

podemos daqui para frente construir um processo<br />

dialogante sobre os muitos problemas que<br />

nos afligem neste mundo globalizado para uns<br />

e excludente para outros.<br />

Concluímos, reafirmando ser este tipo de<br />

concepção que nos deve nortear em relação às<br />

questões de cidadania e criação de pactos sociais,<br />

acreditando serem estes instrumentos fundamentais<br />

para a coesão social. Os assuntos<br />

aqui colocados fazem parte de um conjunto<br />

maior de questões que devem ser incorporadas<br />

em programas de estabilização social e, necessariamente,<br />

devem mobilizar os angolanos em<br />

torno dos seus objetivos. Esperamos que possam<br />

ser sinal de “Alerta à Navegação”. Por<br />

outro lado, deixo aqui claro que as dificuldades<br />

de uma Angola envolta em guerra desde a data<br />

da independência deixaram o seu povo mais<br />

maduro, sendo o momento de paz vivido hoje<br />

um exemplo real disso mesmo. Concluo referindo<br />

que deverá ser olhando para dentro da<br />

sua realidade, mas, colhendo para o bem e para<br />

o mal, o exemplo de Países como o Brasil que<br />

nós, de Angola, podemos crescer. Entendemos<br />

esse seminário e os esforço de muitos Professores<br />

brasileiros que se dedicam a estudar África<br />

e Brasil, como aqui tivemos alguns, dentro<br />

desse espírito.<br />

Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 12, n. <strong>19</strong>, p. 213-218, jan./jun., 2003<br />

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