Anais DCIMA Final

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conjuntos residenciais e também com as ruas enlameadas que se cruzam entre as casas de tábua da periferia.
Enfim, todo o aparato comum a qualquer metrópole contemporânea.
Trata-se de uma cidade a qual é difícil de indicar seus limites, pois ela se emaranha até mesmo nos
municípios vizinhos que compõem a região metropolitana – a chamada “grande Belém” 6 . É um lugar por onde
trasladam com frequência seus moradores, os mais de 2 milhões de habitantes 7 , além de inúmeros visitantes
de outras cidades e turistas, em movimentos pendulares, em deslocamentos rotineiros e em flanares cotidianos
entre o centro comercial, os “bairros nobres”, as várias periferias e inúmeros outros lugares comuns a essa
população.
Diante da pluralidade que a tece, como definir o que é a cidade de Belém? Como traduzir seu cotidiano
e as diferentes ordens que se apresentam apenas neste breve panorama? Como reunir suas memórias e suas
histórias? Como determinar apenas uma cultura para seus moradores? Quem poderia realizar essa tarefa? E,
ainda que fosse possível, quem teria esse direito (ou essa autoridade)?
As perguntas que trago aqui são inquietações que surgem ao observar como são enunciados certos
discursos sobre a cidade de Belém em seu aniversário de 400 anos. Mesmo diante do horizonte plural e
complexo de seus fenômenos, ainda ganham destaque apenas os enunciados acerca das histórias da conquista
portuguesa como marco da fundação do território, da cultura francesa fruto do desenvolvimento econômico do
ciclo da borracha, da necessidade de desenvolver a Amazônia, etc.
Entretanto, o momento atual possibilita maior visibilidade de discursos dissonantes, que evidenciam
outras experiências culturais dos moradores da cidade: são diferentes memórias, trajetos sociais e práticas
culturais, silenciadas ao longo dos séculos, que rompem com o paradigma estabelecido e destacam outras
realidades e dinâmicas cotidianas que coabitam, coexistem neste lugar que é a cidade de Belém.
Em outras palavras, esta celebração é um acontecimento histórico que atravessa a cidade e a região
por meio: 1) da visibilização e tensionamento das diferentes memórias de moradores e visitantes da grande
Belém (que narram discursos oficiais e subalternizados de sua formação); 2) das inúmeras vozes e identidades
6
De acordo com a Prefeitura Municipal, a região metropolitana da cidade abrange cinco municípios: Belém (capital),
Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará (SEGEP, 1995).
7
Se somadas as populações dos municípios que compõe a região metropolitana, temos um total de 2.042.357 habitantes
(IBGE, 2010).
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