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Anais DCIMA Final

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Página 382<br />

À luz da teoria foucaultiana é possível dizer, então que a maioria das imagens que circularam e que<br />

ainda circulam em nossa sociedade sobre mulheres indígenas trazem em suas superfícies uma ideia<br />

etnocêntrica sobre o ser exótico, ou selvagem, conforme verificamos.<br />

Apesar dos atravessamentos históricos ainda somos leigos quanto à questão indígena no Brasil, Suas<br />

técnicas de cultivo, medicina e sua cultura. O que me leva a crer e a dizer que o dispositivo de controle, iniciado<br />

ainda no período colonial, avançou em seus objetivos e continua se atualizando. Uma das vertententes para<br />

esta sofisticação está pautada em interesses econômicos. Hoje o agronegócio domina grande parte dos conflitos<br />

que envolvem terras indígenas. E, dificulta a luta cada vez mais forte pela garantia de seus direitos a terra.<br />

As imagens ajudam a atualizar o discurso do indígena violento e selvagem, que possui muita terra. No<br />

entanto, as movências históricas visibilizam ou silenciam discursos. As condições históricas possibilitam este<br />

processo.<br />

As mulheres indígenas sempre tiveram um papel determinante na dinâmica da luta por garantia de<br />

diteitos. Como mostra a fotografia, Figura 03, que abre este tópico. Quando a Tuíra Caipó aponta a força do<br />

seu facão em defesa de sua sociedade contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Esta imagem<br />

se transformou em um ícone dos movimentos e das lutas sociais de povos indígenas no Brasil.<br />

Ao me deparar com estas imagens e submetê-las às lentes dos pressupostos da análise do discurso<br />

francesa, percebo que: ‘onde há poder, há também a resistência’.<br />

Ao se refletir sobre as relações de poder proposto por Foucault, em que as condições históricas são<br />

significativas para a criação, ou atualização de subjetividades, não se pode deixar de pontuar a tecnologia,<br />

como uma ferramenta comunicacional, abrangente. Ainda que de maneira precária, por falta de politicas<br />

publicas contundentes, neste sentido, algumas sociedades indígenas possuem acesso à tecnologia e,<br />

consequentemente tem acesso também às plataformas virtuais, redes sociais e bloggers. Instrumentos que<br />

possibilitam uma melhor articulação das resistências e, também das escritas de si. Estas articulações são<br />

pensadas como reivindicações politicas de resistência e de visibilidade na rede de computadores.<br />

A imagem a seguir, Figura 04, visibiliza um protesto realizado pela sociedade Tembé Tenetehara, em<br />

novembro de 2016, quando eles fecharam a BR 306, próximo ao município de Santa Maria, no estado do Pará,<br />

quando reivindicavam por melhorias na saúde e reclamavam a falta de medicamentos.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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