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Anais DCIMA Final

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Página 818<br />

No ensino de história é necessário dialogar com as memórias que fazem parte dos acontecimentos<br />

históricos, a sala de aula é um ambiente que se pode fazer a relação entre história e memória, no qual a primeira<br />

deflagra análises, reflexões e novas compreensões. E cabe ao professor trabalhar o pensamento histórico para<br />

o questionamento de verdades estabelecidas e a busca da compreensão da historicidade da vida social, pois<br />

saberes podem ser construídos pelos alunos, saberes esses que, ao se tornarem conhecimento cotidiano, pode<br />

vir a ser instrumentos de libertação ou resistência.<br />

Como um gênero da imprensa, a charge se traduzia nas reflexões feitas pelos cartunistas, tais reflexões<br />

não eram simplesmente lembranças e avaliações de uma experiência individual ou isolada, era um retrato<br />

crítico que a sociedade brasileira vivia naquele momento. A memória pessoal também faz parte de uma<br />

memória social, que corresponde aos grupos e às categorias sociais nos quais eles se incluem. (BOSI, 1984, p.<br />

39)<br />

Maurice Halbwachs argumenta que a lembrança não é uma linear repetição do passado, mas um<br />

instrumento de reconfiguração dos fatos, a partir das experiências presentes, uma vez que contextos diversos<br />

geram constantes mudanças na sociedade. São esses contextos que associam e selecionam o passado para<br />

espelhar o presente e visualizar o futuro. (HALBWACHS,1990)<br />

As charges a seguir, são ilustrações que circularam na imprensa teresinense – Jornal O Dia- durante o<br />

governo de João Batista Figueiredo (1979-1985) e podem servir para análise e compreensão do processo de<br />

abertura política.<br />

Inicialmente a charge (1) pode ser vista como uma série, na qual a primeira cena o escultor inicia seu<br />

trabalho, na segunda já se reconhece a imagem de Figueiredo, pelos óculos e pela calvície, e já se tem a imagem<br />

de um busto. Por fim, aparece a escultura por completo, metade homem, metade cavalo. Uma espécie de<br />

centauro, ou propriamente um cavalo. Essa é a ideia que se tinha do general João Batista Figueiredo, cuja<br />

imagem remete a ideia de uma pessoa rude, grosseira, estúpida, um cavalo.<br />

A animalização do presidente, bem como o destaque de sua relação com os cavalos, é algo que não se<br />

limita apenas aos impressos em estudo. A figura do presidente com cavalos também inspirou outros cartunistas,<br />

como Chico Caruso, que durante o governo de Figueiredo era ilustrador do jornal O Globo e utilizou a paixão<br />

do presidente pelos cavalos para fazer charges para o impresso. (GOMES, 2016, p. 53)<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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