23.01.2018 Views

Anais DCIMA Final

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Página 35<br />

Platão dizia que se um dos homens conseguisse escapar das correntes, ele iria perceber que todo o<br />

mundo que ele conhecia, analisava e julgava, não era real, visto que os seres reais eram as estátuas e não as<br />

sombras. Logo, não demoraria para que esse homem percebesse que seu conhecimento era respaldado em<br />

ilusões e não em verdades. Porém, até então, o homem apenas tinha virado as costas para o fundo da caverna,<br />

o que, então, aconteceria se ele decidisse sair da caverna? Platão continuava. Ao sair da caverna, a luz do sol<br />

iria ofuscar sua visão, até o momento tão acostumada com o escuro, e só depois de algum tempo seria possível<br />

que se habituasse à luz, para que pudesse, finalmente, enxergar tudo que havia fora da caverna.<br />

Depois de conhecer e apreciar a luz do dia, os objetos reais e o verdadeiro mundo, quando voltasse à<br />

caverna para contar sobre todas as maravilhas do mundo a seus amigos, esse homem seria tido como louco por<br />

seus parceiros, visto que eles não conseguiam acreditar no que não presenciavam, inclusive, o ameaçando de<br />

morte se não desse um fim em suas “loucuras”.<br />

Deste mito, advém a teoria platônica de mundo sensível e mundo das ideias. Nele, podemos relacionar<br />

os homens presos às pessoas comuns e o homem livre a um filósofo. Os homens presos conhecem apenas o<br />

mundo sensível, já o liberto conheceu a verdadeira essência das coisas, conheceu o mundo das ideias. No<br />

mundo sensível, temos o mundo concreto, que apesar de concreto, não passa de sombras de um mundo<br />

superior, onde encontramos a verdadeira essência dos seres, o mundo das ideias. O conceito de amor atravessa<br />

os dois mundos, tendo diferentes significados em cada um.<br />

Para podermos compreender melhor esse(s) conceito(s) de amor, precisamos nos voltar a algumas<br />

partes de O Banquete, também de Platão, mais especificamente a primeira parte da conversa entre os comensais<br />

convidados ao jantar por Agáton. Durante o jantar, os vários convidados tecem diversos comentários sobre o<br />

que seria o amor, cada um expondo seus diferentes pontos de vista.<br />

O primeiro a proferir sua opinião foi Fedro, discípulo de Hípias e Élis, dizendo que o amor é o “bem<br />

maior que se pode proporcionar” a um homem (PLATÃO, 1962, p.123), estando o amor relacionado a todas<br />

as boas ações que os homens produzem e que sem o amor, estas seriam impossíveis de serem realizadas.<br />

Pansânias, um rico morador de Atenas, por sua vez, ressaltou que não é qualquer amor que deve ser louvado,<br />

tal como Fedro disse, pontuando que há dois tipos de amor, e advertiu: “mau é o amante vulgar que prefere o<br />

corpo ao espírito, pois o seu amor não é duradouro por não se dirigir a um objeto que perdure” (PLATÃO,<br />

1962, p. 131), abrindo espaço para presumir, e concluir ao decorrer da leitura, que existem um amor vulgar e<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!