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Anais DCIMA Final

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Página 195<br />

literária. Contra ela são deferidos os dardos de uma sofisticação materialista que<br />

se apega a emoções frequentemente sentidas e a eventos externos, e de um<br />

idealismo ingenuamente inspira didática que ‘eleve’ o leitor a um grau<br />

apropriado de otimismo alvar. ” (LOVERCRAFT, 1973, p. 1)<br />

No conto, as emoções estão estritamente ligadas ao leitor, pois são constantemente sentidas,<br />

principalmente as de horror em relação ao resultado da cirurgia, podendo assustar o leitor quando o<br />

protagonista passa a enxergar apenas os esqueletos das pessoas e mais ainda, em relação a atitude do escritor<br />

diante de tal fato, segundo Humberto de Campos (CAMPOS, Humberto de., 1954, p48):<br />

E, metendo as unhas no rosto, afunda-as nas órbitas, e arranca, num movimento<br />

de desespero, os dois glóbulos ensanguentados, e tomba escabujando no solo,<br />

esmagando nas mãos aqueles olhos que comiam carne, e que, devorando<br />

macabramente a carne aos vivos, transformavam a vida humana, em torno, em<br />

um sinistro baile de esqueletos. (CAMPOS, Humberto de., 1954, P.48)<br />

Além do horror, percebemos também a presença do Estranho e da Hesitação do Fantástico. O estranho,<br />

de acordo com Todorov – Importante crítico literário da literatura Fantástica – seria a rejeição do<br />

acontecimento sobrenatural, que no caso desse conto, se explica de forma lógica e racional pela cirurgia que<br />

usa métodos científicos. E ainda usando Tzvetan Todorov (TODOROV, 1975, P. 31) “ O fantástico é a<br />

hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face a um acontecimento aparentemente<br />

sobrenatural. Define-se, pois, com a relação de real e imaginário. ”, ou seja, a hesitação é experimentada em<br />

diversos momentos ao longo da narrativa, a partir do momento em que o protagonista descobre que existe a<br />

possibilidade de se restituir a visão, mas cientificamente falando, era mais um mistério que um fato realmente<br />

explicável pelas leis naturais. No desfecho do conto, o leitor se depara com a dúvida acerca do que é real ou<br />

imaginário, se o que aconteceu com o escritor era real ou não, sendo, portanto, outro momento de hesitação da<br />

obra.<br />

2. Considerações finais<br />

Conclui-se, então, que esse gênero vem crescendo muito no Maranhão ao longo dos anos, mas ainda<br />

não obteve uma considerável popularidade. É notório a enorme contribuição que Humberto de Campos trouxe<br />

para a literatura brasileira de forma que suas narrativas abrangem diversos gêneros literários, entre eles, a<br />

ficção científica. Se trouxermos o conto para a atualidade, podemos nos questionar: O que estamos dispostos<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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