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Anais DCIMA Final

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Página 578<br />

O discurso “liga-se a localizações institucionais que prescrevem ao sujeito ocupar certas posições<br />

características no momento de fala” (GREGOLIN, 2004, p. 101). Não há, portanto, um sujeito fundador do<br />

discurso; o sujeito se inscreve em uma trama histórica que o marca como lugar possível de ser ocupado.<br />

Falar, por exemplo, do lugar de um motorista de táxi não é a mesma coisa que falar do lugar do<br />

motorista de ônibus e nem do usuário do transporte público coletivo. Cada um desses sujeitos obtém seu<br />

discurso de acordo com seus lugares na história. Vale ainda lembrar que o sujeito “não é o mesmo de um<br />

enunciado a outro e a função enunciativa pode ser exercida por diferentes sujeitos”. Assim é que um único e<br />

mesmo indivíduo “pode ocupar, alternadamente, em uma série de enunciados, diferentes posições e assumir o<br />

papel de diferentes sujeitos”. (GREGOLIN, 2004, p. 32). O sujeito é um lugar possível de ser ocupado pelo<br />

enunciador. É uma categoria móvel, fluida. E muda com a história:<br />

Não se trata de indivíduos compreendidos como seres que têm uma existência<br />

particular no mundo [...]. O sujeito discursivo deve ser considerado sempre como<br />

um ser social, apreendido em um espaço coletivo [...]. Trata-se de um ser sujeito<br />

não fundado em uma individualidade, em um eu individualizado e sem<br />

existência em um espaço social e ideológico, em um dado momento histórico e<br />

não em outro. A voz desse sujeito revela o lugar social. (FERNANDES, 2004,<br />

p. 33)<br />

O lugar social revelado pela voz do sujeito também pode cooperar para uma construção discursiva<br />

sobre a identidade de um lugar, em nosso caso, a cidade de São Luís.<br />

Tema caro aos Estudos Culturais, a identidade se apresenta como líquida, fluida, sujeita às<br />

transformações históricas e sociais potencializadas pelo fenômeno da globalização (HALL, 2006). Ao<br />

investigar as questões relacionadas à identidade, Hall apresenta três momentos em que o sujeito, a partir de<br />

mudanças históricas, localiza-se em três perspectivas: o sujeito do Iluminismo, visto como um ser completo,<br />

regido por um racionalismo; um segundo momento em que o sujeito é visto como interativo, cuja identidade é<br />

formada na relação com o outro – o sujeito sociológico; um sujeito pós-moderno, que rompe com a ideia de<br />

unificação; ele é apresentado como um sujeito fragmentário.<br />

A identidade, enquanto objeto de estudo da Análise do Discurso, é entendida como construção<br />

discursiva que produz efeitos de sentidos na/pela linguagem. Levando em conta a relação do discurso com as<br />

condições históricas de sua produção, e também considerando que há diversos mecanismos de poder que<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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