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Anais DCIMA Final

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Página 605<br />

portanto, um deixar-se devorar [...] nem mais sujeito, nem objeto, mas projeto que se integra aos programas<br />

dos aparelhos. (BAITELLO, 2010, p. 21-22)<br />

Aparelhos ou simplesmente artigos de jornais fabricam seus receptores-consumidores para<br />

funcionários de produtos tecnológicos “à sua imagem e semelhança” carentes de um olhar próprio. O consumo<br />

de ideias consome todos: “Cada passagem para uma nova realidade comunicacional significa uma perda, uma<br />

subtração de materialidade, de dimensionalidade, um avanço do “vazio” sobre o “cheio” ou sobre o “pleno”<br />

(BAITELLO, 2010, p. 42).<br />

Empresto o termo de Baitello (2010, p. 20), usando-o como “abstração, uma retirada progressiva das<br />

dimensões do espaço-tempo, um “descascamento” progressivo e um desvestir ou despir as coisas de sua<br />

materialidade, para transformá-las em não-coisas”. Aquele que vive, age e não sabe fazer diferente desses<br />

discursos “absolutos”. Como uma das tribos mais ricas do país (os gaviões receberam polpudas indenizações<br />

da CVRD e da ELETRONORTE)” (JORNAL O MARABÁ. Marabá. 18. dez. 1985).<br />

Certos discursos nos jornais também podem ter como propósito a sedação, assim como nas escolas,<br />

nas igrejas, na “universidade” e nas indústrias de entretenimento: “Assim estamos sedando o corpo, mas ao<br />

lado de sedar o corpo, estamos sentando e amansando, domesticando o próprio pensamento. Nossa capacidade<br />

de pensar, de comunicar, de agir”. (BAITELLO, 2005, p. 37): "Reforma agrária inicia uma guerra ou abre uma<br />

ferida [...] Reforma agrária busca a paz e não a discórdia” (JORNAL O MARABÁ. Marabá. 18-23. Mai. 1986).<br />

Os jornais, especificamente, como mídia secundária (PROSS, 2011), cifram vidas e, de certa maneira,<br />

dão tempo e, em certa medida, também voz às culturas. A crônica “reencaixa retalhos de falas, textos anônimos<br />

e partes autônomas, uma reinvenção do livro, agora mais pertinente ao perfil deslizante, assimétrico e não<br />

progressivo-linear” (PINHEIRO, 2013, p. 49): “Garimpeiros e Índios vão destruir rodovia” (JORNAL O<br />

MARABÁ. Marabá. 13. Out. 1985).<br />

Referências<br />

BAITELLO, Norval Júnior. A era da iconofagia. Ensaios de Comunicação e Cultura. São Paulo: Hacker<br />

Editores, 2005.<br />

__________, Norval Júnior. A serpente, a maçã e o holograma: esboços para uma teoria da mídia. São Paulo:<br />

Paulus, 2010.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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