Anais DCIMA Final

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4. Considerações finais
Pela ótica da história tradicional, o sujeito quilombola emerge no saber da historiografia a partir de
uma grande narrativa que remete à constituição dos quilombos no Brasil Colônia. Uma história que se desloca
para o passado longínquo, como bem o observou Foucault (2013b). Essa cronologia ainda é uma diretriz básica
para tratar do quilombo e do sujeito quilombola na educação escolar.
A historiografia concebe o quilombo como um lugar de fugas de escravo, dentre outros sujeitos, e
como um fenômeno que remete apenas ao passado histórico de construção dessas comunidades. Com isso, o
sujeito quilombola emerge como aquele fugido, concepção que desconsidera as demais formas de constituição
dos quilombos e de subjetividades delas decorrentes, além de fazer parecer que o quilombo/quilombola não
existe na atualidade.
As letras de música analisadas, por outro lado, nos colocaram diante de um conjunto de acontecimentos
da história mais próxima, tecendo um genealogia em que o passado de escravidão se desloca descontinuamente
na história para referir-se à condição de vida em um mundo sem direitos. A liberdade também salta do passado
imemorial para se referirão momento presente, em que a posse da terra, a luta contra o racismo e a aquisição
de bens essenciais à vida na sociedade atual são resultados de uma intensa luta.
Referências
FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: ______. Estratégia, Poder-Saber. Trad Vera Lucia
Avellar Ribeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003 (Ditos & Escritos IV), p.203-222.
______. Nietzsche, a genealogia e a história. In: ______. Microfísica do poder. São Paulo: Graal, 2013a, p 55-
86.
______. Genealogia e poder. In: ______. Microfísica do poder. São Paulo: Graal, 2013b, p 262-277.
MOURA, Clovis. História do negro brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1992.
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