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Anais DCIMA Final

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Página 551<br />

os posicionamentos de quem discursiviza? Essas questões centram-se na seguinte problemática: como passar<br />

da discursivização para a sistematização? Segundo reflexões fiorinianas, a partir de processos enunciativos, ao<br />

temporalizar, espacializar e actorializar a linguagem, pois colocar o ser humano na História, caracterizada pela<br />

instabilidade, significa enunciá-lo. (FIORIN, 2010, p. 14). Além disso, o “pirotécnico arquegenealogista”, a<br />

respeito de sua investigação “arqueológica” sobre a “tríade do espírito clássico” (que ele denominou: história<br />

natural, gramática geral, análise das riquezas), tece a seguinte reflexão, mobilizando o conceito rede<br />

interdiscursiva como um feixe de relações que não se sobrepõem, mas que se entrecruzam:<br />

Mas ainda se poderia dizer: (...) Qual o privilégio do que você escreveu? –<br />

Privilégio algum; é apenas um dos conjuntos descritíveis; se, na verdade,<br />

retomássemos a gramática geral e se procurássemos definir suas relações com as<br />

disciplinas históricas e a crítica textual, veríamos, seguramente, desenhar-se um<br />

sistema inteiramente diferente de relações; e a descrição faria aparecer uma rede<br />

interdiscursiva que não se superporia à primeira, mas a cruzaria em alguns de<br />

seus pontos. (FOUCAULT, 2008, p. 179, grifos nossos).<br />

Courtine (2005 apud MILANEZ, 2006, p. 95-96), ao formular o conceito intericonicidade, retoma a<br />

ideia de memória discursiva, deslocando-a para sua aplicabilidade no texto imagético; mas também,<br />

consequentemente, a ideia de rede interdiscursiva, ao metaforizar a imagem como um enunciado em uma<br />

rede de formulações. Além disso, de acordo com a teoria courtiniana, a intericonicidade é um conceito<br />

complexo, porque abrange o intralinguístico (estrutura linguística) em relação com o extralinguístico<br />

(acontecimento histórico-social). Além do mais, refere-se à inscrição de uma imagem em uma série de<br />

imagens, a partir de processos de subjetivação, impulsionados cotidianamente a instigar a existência de uma<br />

identidade cultural que, segundo Hall (2006, p. 7-8), compreende relações de pertencimento a diversas<br />

formações culturais e, dispersa na pós-modernidade, incita a fragmentação do sujeito. Conforme Ferretti (1998,<br />

p. 182-198), o sincretismo também é uma categoria conceitual complexa e deve ser analisada por distintas<br />

correntes de pensamento; porquanto é um fenômeno essencial na vida religiosa e abarca “estratégias de<br />

transculturação”. (FERRETTI, 1998, p. 195). Mesmo assim, muitos estudiosos preferem utilizar como<br />

terminologia acadêmica o multiculturalismo; pois significa a doutrina ou a filosofia específica que envolve<br />

movimentos estratégico-políticos adotados para sustentar a governabilidade dos problemas de diversidade<br />

gerados por “sociedades multiculturais”. (HALL, 2009, p. 50).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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