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Anais DCIMA Final

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Página 110<br />

Apesar de Foucault (2014) já demonstrar como essa disputa se inscreve em nós, em nossos corpos, em<br />

processos de subjetivação e sujeição, quero trazer a imagem da polifonia proposta por Bakhtin (1997) para<br />

essa discussão. Em sua obra, ele afirma que<br />

O mundo interior e a reflexão de cada indivíduo tem um auditório social próprio<br />

bem estabelecido, em cuja a atmosfera se constroem suas deduções interiores,<br />

suas motivações, apreciações, etc. [...] A situação social mais imediata e o meio<br />

social mais amplo determinam completamente e,por assim dizer, a partir de seu<br />

próprio interior, a estrutura da enunciação (BAKTHIN, 2014, p. 117).<br />

O diálogo entre os autores torna mais contundente a compreensão que a singularidade do processo de<br />

enunciação é particular a cada indivíduo. Em cada um, em cada pessoa existe uma palavra que carrega um<br />

sentido ideológico/vivencial, construído historicamente e molda o processo de formação de nossas<br />

subjetividades no diálogo com o horizonte social contemporâneo e com os processos interativos, seja em um<br />

interlocutor projetado ou no contato com os outros (BAKHTIN, 2014; FOUCAULT, 2014).<br />

No entanto, penso que a imagem, o sentido que o conceito de polifonia carrega consigo ilustra bem o<br />

movimento social que questiona a legitimidade das comemorações. O coletivo é formado por pessoas com<br />

trajetos sociais distintos e singulares, que materializam o tensionamento entre esses diferentes trajetos<br />

históricos ou esse auditório que há em cada um de nós, a interagir em harmonia ou em conflito.<br />

São negros e indígenas que traduzem suas resistências históricas em relação à memória de Belém nos<br />

corpos atualizados de sujeitos “pardos”, jovens estudantes, homens e mulheres engajados politicamente,<br />

senhoras donas de casa, entre tantas outras possibilidades de materialização dos discursos silenciados. São<br />

resistências históricas que se atualizam nas periferias da cidade.<br />

A sequência de imagens a seguir é composta por frames retirados da carta-manifesto que foi<br />

desenvolvida em audiovisual para circular na internet. Ela demonstra a pluralidade desses discursos que, a<br />

exemplo da memória coletiva, também nos atravessam (ver Figuras de 8 a 12).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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