Anais DCIMA Final

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Nessa atualidade apresentada, percebemos que (com a implantação de cotas e mesmo o acréscimo de
duas vagas específicas para os indígenas em cada curso da universidade) apenas a inserção desses sujeitos não
garante um ganho efetivo aos povos originários, uma vez que há dificuldades para que esses alunos se
mantenham na universidade por diversas questões (presentes nos enunciados dos próprios alunos) como
diferenças culturais, linguísticas e mesmo epistemológicas. Essas diferenças causam desconfortos tais para
esses alunos que o nível de desistência é alarmante de forma que até hoje, como já foi apontado no tópico de
Arquivo, somente quatro alunos conseguiram concluir a graduação e que, apesar de todos os anos acontecer o
PSE, até o início de 2016 apenas 36 alunos estavam ativos na instituição.
A partir das falas dos alunos, percebemos o nível de violência a que esses alunos foram submetidos,
considerando o fato de que esses alunos foram deixados à mercê nesse novo contexto que lhes foi oferecido,
passando por insegurança alimentar (antes de receberem o benefício da bolsa permanência), sem entender o
conteúdo nem serem entendidos, com dificuldades para manifestar suas demandas por falta mesmo de um local
apropriado para atendê-los, e ainda sem preparação nenhuma do corpo de servidores, professores e mesmo
alunos não-indígenas, gerando constantes situações de preconceito e racismo.
Porém, mesmo com essas dificuldades, os alunos continuam adentrando a universidade, entendendo
que precisam assumir um compromisso maior com o seu povo, que é o de dar melhores condições na
permanente luta em que se posicionam numa sociedade onde não têm a escolha de se eximirem dessa condição
de luta incessante em todos os níveis e eixos de suas vidas.
A partir dos dados da atualidade (as subjetividades manifestadas pelos alunos e outros dados que
evidenciam as mudanças e ações da universidade hoje em relação aos alunos indígenas) é possível mensurar
as diferenças atuais em relação ao passado, comparação essa exigida por Deleuze para inferir projeções futuras
possibilitadas pela linha da subjetivação no Dispositivo.
Diante desses tensionamentos, revisitamos a seguir as linhas propostas por Deleuze para o Dispositivo
de Foucault, tentando entender as desestabilizações ocorridas no contexto acadêmico em questão e realizar o
diagnóstico a fim de conjecturar inferências futuras.
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