23.01.2018 Views

Anais DCIMA Final

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Página 306<br />

Introdução<br />

Obrigaram o corpo humano a comer, obrigaram-no a beber para evitar pô-lo a dançar. (…)<br />

Não, o corpo, é cada um de nós que o faz, senão ele não vale nada e não se aguenta. (Antonin Artaud)<br />

Para discorremos 42 sobre a importância do despertar de uma consciência corporal, recorremos a alguns<br />

conceitos de Merleau-Ponty e depoimentos sobre preparação corporal da circense Virginia Abasto, para<br />

averiguamos se para esta artista a experiência com o desenvolvimento das habilidades corporais aproxima-se<br />

ou não das concepções do fenomenólogo francês, quais sejam: as de um corpo vivido, falado, visto, de maneira<br />

que o ser falante que vive em seu corpo tenha aflorado predisposto à exaustão, à superação de um corpo<br />

comumente preparado apenas, retomando a epígrafe, para comer, beber.<br />

O preparo corpóreo-mental da artista foi além, expôs-se às cenas artístico-vivenciadas para evidenciar<br />

seu modo de estar no mundo. O fragmento de texto da artista, abaixo, enuncia o posicionamento dela perante<br />

a vida, ou seja, escolher é demarcar espaço e batalhar nele, a lutar por lugares, por formação aos interessados<br />

em arte, por dedicação e amor ao aprimoramento do Ser, assim define-se:<br />

Sou Circense. Por vezes, troco as saídas por ensaios, o estilo pelo suor em todo<br />

o corpo, noites de festa por uma apresentação, roupa de moda por uns figurinos<br />

artísticos. Não me importa nada de tudo que deixei, porque o amor e a satisfação<br />

de fazer um excelente show valem mais que tudo. Eu sei que os verdadeiros<br />

amigos entendem! Porque ser Circense não é hobby, ser Circense é a minha vida.<br />

Vamos ver quantos Circenses orgulhosos colam isto no seu mural.<br />

A vivência corporal de Virginia aqui, como objeto-sujeito depoente e co-autora apresenta memórias,<br />

percepções, reações, ações, projeções próprias vivenciadas a partir do local em que esse corpo-sujeito foi<br />

(de)formado, (des)construído na e pela família, valores, crenças, instituições de ensino, sociedade e,<br />

principalmente, pela parte ou elementos mais difíceis de desenvolver, as próprias percepções do corpo.<br />

Podemos afirmar que à artista coube, neste caso, a partir de experiências vivenciadas pelo corpo imerso,<br />

mergulhado em si, per si, sem intermediários ou impulsos outros, senão os viscerais, por assim dizer, perceber<br />

42<br />

Obs. Ora nos posicionamos em terceira pessoa do plural, ora destacamos falas de Virginia, ela, co-autora do texto,<br />

dispensa as aspas em citações de seus textos.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!