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Anais DCIMA Final

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Página 424<br />

Essa postura discursiva está bem alinhada com o pensamento de Foucault, quando, em A Ordem do<br />

Discurso (1973, p. 9), afirma:<br />

(...) Suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo<br />

controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de<br />

procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu<br />

acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade.<br />

É o que pode ser verificado facilmente nas falas oficiais sobre a implantação da Suzano, que têm nessa<br />

assertiva do prefeito Sebastião Madeira uma espécie de exemplo cabal: há uma tentativa de cercar de<br />

positividade toda a produção de sentido jornalística acerca desse acontecimento. Há como que uma política do<br />

controle do discurso, que é efetivada por meio das fontes oficiais, públicas e privadas.<br />

Essa política pode ainda ser verificada na contraface do discurso verbal, que é o apagamento da<br />

presença de qualquer discurso de natureza divergente. O mapeamento das fontes das matérias usadas para esta<br />

análise deixa clara a ausência de fontes especialistas independentes ou de fontes ligadas a movimentos<br />

comunitários que, de alguma razão, construíam um contradiscurso (ou, no mínimo, uma relativização) à<br />

implantação dessa fábrica em Imperatriz. Esses sujeitos são calados no processo de registro jornalístico, nas<br />

páginas de O Progresso, sobre a implantação da fábrica, nos três anos em que ela esteve em processo de<br />

efetivação.<br />

4. Considerações finais<br />

Para que serve um jornal? Essa pergunta provoca uma análise do dispositivo de comunicação “jornal<br />

impresso” para além do seu utilitarismo como difusor de informações, mera e simplesmente.<br />

Nas palavras do professor Adriano Rodrigues,<br />

O discurso não é uma das funções entre outras da instituição midiática; é o seu<br />

principal produto e o resultado final do seu funcionamento. (RODRIGUES,<br />

2002, p. 217)<br />

É assim que nossas análises nos levam a pensar a posição, estratégica, de O Progresso como divulgador<br />

de um discurso bastante positivado sobre a implantação da fábrica Suzano de Papel e Celulose em Imperatriz,<br />

nos três anos em que durou tal empreitada.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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