Anais DCIMA Final

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Nos versos “Ivan Costa quando veio nos reuniu/ Para lutar contra o racismo no Brasil” somos postos
frente a uma cena que contrasta mais fortemente com a ideia da condição de escravo apresentada no segundo
verso da música. A reunião dos membros da comunidade juntou à luta pela terra a luta contra a discriminação
racial como pauta de discussão entre os sujeitos, tendo a Igreja como aliada, como dito no penúltimo verso.
Assim, nessa letra de música o sujeito fala do lugar de quem se reconhece como pertencente a um
território que é seu e que deve lutar para nele permanecer. Há uma conscientização coletiva do que é ser
quilombola, possibilitada pela chegada dos pesquisadores, que se dá na unificação das lutas pelo território, por
vias legais, em torno da Associação de Moradores e do Sindicato, e também com a ajuda da Igreja.
Na segunda música que analisaremos, pertence ao tambor de crioula da comunidade, uma
manifestação cultural caracterizada por cantos, toques em instrumentos de percussão e danças circulares, a
ideia de luta por cidadania também se faz presente grandemente, como mostrado a seguir.
Toada de tambor de crioula em homenagem a Jamary – Inácio Carneiro (2011)
Jamary estava parado/ Mas já está movimentado (bis)/ Tem poço artesiano/
E energia ligada/ E junto um orelhão/ Este fica
encostado/ Onde o povo telefona/ Liga para todos os estados/
(Improvisos)
Nessa segunda letra de música, são descritas as aquisições de bens pela Associação de moradores,
entre eles o telefone, que possibilita “ligar par todos os estados”.
O sujeito enuncia ocupando um lugar de quem não apenas observa a mudança, como também participa
dela. Essa percepção revela-se na oposição entre a Jamary que “estava parado” e a que “já está movimentado”.
Essa relação de adversidade ressalta a oposição entre um passado sem direito a cidadania e um presente de
progresso, caracterizado pelas aquisições de poço artesiano, energia elétrica, telefone público e revelam Jamary
como pertencente a um novo tempo, que se deve à organização da coletividade pelos pesquisadores e militantes
do movimento negro, como apresentado na primeira música, e suas lutas por um espaço na sociedade.
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