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Anais DCIMA Final

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Página 727<br />

e não de outros, ou seja, definir as condições de possibilidades históricas pelas quais emerge. Resumidamente,<br />

Foucault define discurso como:<br />

Um conjunto de regras anônimas, históricas sempre determinadas no tempo<br />

espaço, que definiram em uma dada época, e para uma área social, econômica,<br />

geográfica, ou linguística dada, as condições de exercício da função enunciativa<br />

(FOUCAULT, 2009, p. 133).<br />

Seguindo Foucault (2009), discurso é teorizado como uma prática – prática essa que relaciona língua<br />

a práticas outras. Assim, definir discurso – este conjunto de enunciados –, para Foucault, é caracterizar as<br />

ferramentas que garantem a sua produção, assim como os meios de sua distribuição e exercício em sociedade,<br />

nas diversas instituições e relações. Além disso, caracterizar o discurso significa demonstrar suas regras de<br />

funcionamento para uma época. Assim, ressaltemos, em Foucault, que “os discursos são feitos de signos; mas<br />

o que fazem é mais que utilizar esses signos para designar coisas. É esse mais que os torna irredutíveis à língua<br />

e ao ato da fala. É esse ‘mais’ que é preciso fazer aparecer e que é preciso descrever” (FOUCAULT, 2009, p.<br />

56).<br />

Devemos, portanto, caracterizar o método de tratamento do discurso a partir de quatro princípios<br />

descritos por Foucault (1996). O primeiro é o da inversão: onde consideram-se determinadas origens dos<br />

discursos, como o autor, é justamente onde deiaxaremos de assim vê-las para desnudar o que significam. O<br />

segundo princípio é o da descontinuidade: desconstruímos a ideia de um grande discurso, que atravessa os<br />

tempos, ilimitadamente; tomamos os discursos como descontínuos, que se anulam, se cruzam, emergem e<br />

reemergem. Outro princípio é o da especificidade, no qual o discurso é visto não como um indício, um vestígio<br />

ou, como diz Foucault, uma “face legível que apenas teríamos de decifrar”; devemos pensar o discurso como<br />

uma prática em que residem as regras de sua regularidade. E, por fim, um princípio de exterioridade: não<br />

buscar um núcleo, um âmago, um cerne do discurso, mas sim perceber o aparecimento e a regularidade do<br />

discurso, visualizar suas condições de emergência.<br />

Para entendermos os enunciados imbricados nas logos publicitárias, em Belém e São Luís, tomando<br />

este embasamento foucaultiano, devemos procurer os traços de uma rede, uma teia de enunciados já existentes,<br />

que reemergem, se reatualizam, reaparecem a cada nova enunciação, processo lido por Gregolin (2007) como<br />

uma rede de memórias. Conforme a interpretação da autora, todo enunciado está associado a um conjunto de<br />

outros enunciados; um discurso não existe por si só, desvinculado de um conjunto de regras para sua<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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