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Anais DCIMA Final

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Página 423<br />

Do lado da empresa, também funcionaram como fontes oficiais, pois encarnavam a “voz do<br />

empreendimento”: o presidente da Suzano; o diretor executivo de Recursos Humanos da empresa; o Presidente<br />

do Conselho de Administração da Suzano, Davi Feffer; engenheiros da empresa.<br />

Uma observação importante é que, das dez matérias analisadas, em quatro delas não há a presença de<br />

“fontes vivas”: os dados são apresentados a partir de outros documentos e de fontes históricas da própria<br />

Suzano – o que denota uma natureza mais de cunho propagandístico do que jornalístico em tais matérias.<br />

Nestes casos, trata-se do uso de fontes secundárias, levantadas para construir uma substância informativa sobre<br />

um determinado aspecto da construção da fábrica.<br />

Não houve, no material cotejado para esta análise, o registro de fontes experts e oficiosas, por exemplo,<br />

que pudessem empreender um discurso de relativização ao empreendimento. Nenhuma matéria, para dar um<br />

exemplo, levantou os aspectos ambientais envolvidos na instalação de uma fábrica de celulose em uma cidade<br />

de médio porte, usando para tanto um especialista (pesquisador ou professor) dos cursos locais vinculados à<br />

questão ambiental. Fora do âmbito da própria fábrica, nenhuma fonte secundária foi consultada – ou, se foi,<br />

não foi registrada nas matérias analisadas, o que pode simbolizar um apagamento desse sujeito.<br />

As fontes testemunhas, por seu turno, tinham uma forte natureza institucional e/ou empresarial, cujos<br />

discursos marcavam, quase em uníssono, uma positivação do empreendimento. Para dar um exemplo, no<br />

levantamento de nominações feito para esta análise, as palavras que mais recorrem nos textos das 10 matérias<br />

são: crescimento, desenvolvimento, emprego, capacitação, mercado de trabalho, qualificação, dentre outras.<br />

Todas essas palavras funcionam como elementos acionadores de um discurso de positividade. Algo já<br />

recorrente no discurso da implantação de indústrias no Maranhão, que remonta ao final do século XIX, quando<br />

o estado viveu seu primeiro surto industrial. A análise desse discurso positivador dessa época foi verificada<br />

por nós, em estudo recente (MATOS, 2016). Nela, é possível verificar o que o sociólogo Ribamar Caldeira<br />

chamou de o discurso dos “fabrilistas”.<br />

A análise do material demonstrou que, em todas as matérias jornalísticas, o que prevaleceu foi um<br />

discurso de natureza apologética e efusiva sobre a implantação da fábrica. Como pode ser verificado nessa fala<br />

do prefeito Sebastião Madeira, que se transformou em legenda da foto principal da matéria do dia 13 de abril<br />

de 2011, sobre o lançamento do programa de capacitação de mão de obra, “Capacitar”: “Imperatriz se agiganta<br />

para o futuro”.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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