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Anais DCIMA Final

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Página 600<br />

contra dispositivo diante da eminente e iminente “ameaça” de obsolescência. A pesquisa deseja caminhar por<br />

um enredo podendo ser compreendido como multidisciplinar alinhado às considerações que Baitello (2010, p.<br />

11) tece sobre as Teorias Midiáticas: “Quando se fala em Teoria da Mídia imediatamente pensamos em um<br />

arcabouço sistematizado de uma disciplina. E disciplina significa um tipo de ordem obediente e previsível,<br />

com conjuntos de leis e normas, com fronteiras e limites”, porém, como e com Baitello (2010) entende-se o<br />

campo de pesquisas da comunicação com ares de complexidade, um reencontro das culturas científicas com<br />

as culturas humanísticas na incompletude e no inacabamento dos saberes.<br />

1. Abordagem teórica e metodológica<br />

Nessas teias de reflexões, as teorias midiáticas de Pross (1980) e de Baitello (2010) percebem o<br />

imaginário ou simbólico atravessando todas as atividades da vida humana. Entre a página de um jornal e uma<br />

cena cultural existe uma fronteira tênue. A imagem reconstruída para os povos indígenas, em jornais e revistas,<br />

seria portadora de um sentido cativo da significação imaginária, um sentido figurado, constituindo um signo<br />

intrinsecamente motivado, ou seja: um símbolo cronológico e ontologicamente anterior a qualquer<br />

significância. Harry Pross (2011) vê as paisagens culturais demarcadas numa “cultura dos retângulos”.<br />

Pensemos nos quadros pintados desde a renascença, pensemos no jornal, na tela de televisão ou na arquitetura.<br />

O código é sempre uma virtualidade se modificando a espera de sentidos e verticalismos. Seja a arena de qual<br />

jogo for, há o espaço estratégico para canalizar, modelar e legitimar energias e comportamentos. Exercer um<br />

poder simbólico não consiste meramente em acrescentar o ilusório a uma potência real, mas sim em duplicar<br />

e reforçar a dominação efetiva pela apropriação dos símbolos e garantir a obediência pela conjugação das<br />

relações de sentido e poderio. (BACKZO, 1985, p.229). Devorados pela imaterialidade simbólica de imagens<br />

em páginas dos jornais, indígenas tornam-se “funcionários” de um discurso segregador, na maioria das vezes<br />

pelos periodistas: O aparelho se apropria da vontade do funcionário, devorando sua força de decisão [...] uma<br />

atitude de entrega, portanto, um deixar-se devorar [...] nem mais sujeito, nem objeto, mas projeto que se integra<br />

aos programas dos aparelhos. (BAITELLO, 2010, p. 21-22). Aparelhos ou simplesmente artigos de jornais<br />

fabricam seus receptores-consumidores para funcionários de produtos tecnológicos “à sua imagem e<br />

semelhança” carentes de um olhar próprio. O consumo de ideias consome todos: “Cada passagem para uma<br />

nova realidade comunicacional significa uma perda, uma subtração de materialidade, de dimensionalidade, um<br />

avanço do “vazio” sobre o “cheio” ou sobre o “pleno”. (BAITELLO, 2010, p. 42). A opção multidisciplinar<br />

do projeto também aporta na etnografia, principalmente em seus inúmeros exercícios de escuta do Outro. Os<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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