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Anais DCIMA Final

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Página 332<br />

o nível da particularidade que define ‘contratos’ linguísticos específicos de tal<br />

ou tal região do sistema, isto é, feixes de normas mais ou menos localmente<br />

definidos, e desigualmente aptos a disseminar-se uns sobre os outros.<br />

(PÊCHEUX, 1997, p. 73-74).<br />

Deste modo, um traço importante dos estudos discursivos empreendidos por Pêcheux é considerar que<br />

a língua apresenta uma formação ideológica onde a materialidade da ideologia manifesta-se numa<br />

multiplicidade de modos. Isto posto, um discurso será atravessado por uma relação inevitável entre língua,<br />

história e ideologia, pois o discurso implica em uma exterioridade linguística que instaura aspectos sociais e<br />

ideológicos impregnados em palavras quando são pronunciadas.<br />

Como vimos, o legado deixado por Pêcheux na história da AD merece destaque nas discussões que<br />

permeiam esta investigação. Uma vez que esta pesquisa trata de um sujeito histórico, que é o professor,<br />

delinearemos os estudos discursivos de Foucault como aporte teórico da análise discursiva das materialidades<br />

encontradas e que constituem o nosso corpus.<br />

Assim, como esta pesquisa baseia-se segundo a noção foucaultiana, tratamos o discurso enquanto<br />

acontecimento em vez de monumentos. Para o teórico, a história tradicional se valia de documentos na<br />

condição de material inerte que tentava reconstituir o que os grandes homens disseram ou fizeram como<br />

evidências dos monumentos de outrora. Por outro lado, a nova História entende que o discurso deve ser visto<br />

como acontecimento, haja vista condições que possibilitam a aparição de um determinado discurso em um<br />

dado tempo e lugar. Segundo Revel (2011, p. 79), quando Foucault discorre sobre uma história que não resida<br />

na análise sobre o passado, trata de uma “história acontecimental”. E por isso, em muitas de suas publicações,<br />

define discurso:<br />

[...] gostaria de mostrar que o discurso não é uma estreita superfície de contato,<br />

ou de confronto, entre uma realidade e uma língua, o intricamento entre um<br />

léxico e uma experiência; gostaria de mostrar por meio de exemplos precisos<br />

que, analisando os próprios discursos, vemos se desfazerem os laços<br />

aparentemente tão fortes entre as palavras e as coisas, e destacar-se um conjunto<br />

de regras, próprias da prática discursiva. [...] não mais tratar os discursos como<br />

conjunto de signos (elementos significantes que remetem a conteúdos ou a<br />

representações), mas como práticas que formam sistematicamente os objetos de<br />

que falam. Certamente os discursos são feitos de signos; mas o que fazem é mais<br />

que utilizar esses signos para designar coisas. É esse mais que os torna<br />

irredutíveis à língua e ao ato de fala. É esse ‘mais’ que é preciso fazer aparecer<br />

e que é preciso descrever. [...] gostaria de mostrar que o discurso não é uma<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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