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Anais DCIMA Final

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Página 286<br />

Sofrendo há mais de 30 anos os efeitos devastadores do plantio de soja na região, os moradores<br />

começaram de forma mais organizada a denunciar o descaso do Estado e as responsabilidades das empresas,<br />

reivindicando a titulação da terra. A luta que se faz atualmente é para que o Estado brasileiro faça a demarcação<br />

do território, um direito garantido na Constituição Federal.<br />

2. A mobilização política e a luta pelas terras<br />

Em 1982, após anos de resistência e mobilização política, diante de uma ordem judicial de reintegração<br />

de posse emitida em favor dos invasores, um grupo de moradores reclamantes de Saco das Almas, resolveu<br />

resistir mais fortemente: acamparam numa parte das terras ancestrais, para pressionar o poder público.<br />

Na ocasião, começaram a enviar cartas pedindo ajuda ao prefeito de Brejo. Em favor da história do<br />

território, denunciaram as compras ilegais por empresários que chegavam na área, citando as arbitrariedades<br />

cometidas por seus capangas. Enviaram cartas ao governador, solicitando a devolução de suas terras.<br />

Escreveram também a um deputado estadual, pedindo que intercedesse junto ao governador. Pediram, ainda,<br />

a presença da polícia com urgência no local. Além disso, começaram a pesquisar a respeito de seus direitos e<br />

a reunir documentos comprovando sua condição de legítimos herdeiros.<br />

Desde então, houve muitos processos judiciais, ocorrências policiais e recursos administrativos<br />

envolvendo o território Saco das Almas. O recurso da reintegração de posse foi usado várias vezes contra os<br />

quilombolas. Quase sempre, os apelos dos membros da comunidade foram julgados improcedentes ou<br />

simplesmente desconsiderados. Mesmo assim, uma grande parte do grupo continuou mobilizada, informandose<br />

sobre seus direitos constitucionais à titulação de seu território.<br />

Na ocupação organizada pelo Movimento de Quilombolas do Maranhão (MOQUIBOM), em junho de<br />

2015, na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em São Luís. Estiveram<br />

presentes, fortalecendo a luta, representantes de Saco das Almas e, que, juntos a outros representantes de<br />

comunidades formadas por descendentes de escravos de várias regiões do estado do Maranhão, reivindicaram,<br />

do governo, medidas imediatas para a regularização e titulação das terras de remanescentes de quilombos.<br />

Os relatos dos representantes de Saco das Almas, no que desrespeito às comunidades, era de que os<br />

moradores estariam sendo ameaçados pelos grandes empreendimentos em torno de suas terras.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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