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Anais DCIMA Final

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Página 271<br />

estão voltados para a rejeição do discurso do seu Outro (MAINGUENEAU,<br />

2005, p. 40).<br />

É pertinente pontuar que este jogo, ora estabelecido, em nada se assemelha a uma proposta dicotômica<br />

e fechada. O Outro não está em um envelope, mas sujeito aos acontecimentos que farão irromper as condições<br />

de enunciabilidade de novos sentidos, abalando os fundamentos de uma memória já cristalizada.<br />

Maingueneau (2005) admite que o modo de enunciação pode apontar para uma relação de filiação e<br />

de descontinuidade com uma formação discursiva.<br />

De acordo com estes pressupostos, os discursos passam a significar a negra não mais como uma<br />

ameaça para as famílias de bem; não mais como o corpo sensual e atrevido, capaz das maiores conquistas a<br />

troco de sexo, mas, acima de todos os saberes, como um sujeito que enuncia de lugares destinados aos brancos<br />

e ditos competentes.<br />

A esta percepção não mostrada no enunciado, mas percebida na lateralidade do discurso e constante<br />

nas práticas discursivas, que modificam e autorizam sabes, subjetivando o sujeito, definimos como ethos.<br />

Para Maingueneau (2015, p. 19),<br />

De maneira geral, o discurso publicitário contemporâneo mantém, por natureza,<br />

uma ligação privilegiada com o ethos; ele busca efetivamente persuadir ao<br />

associar os produtos que promove a um corpo em movimento, a uma maneira de<br />

habitar o mundo. Em sua própria enunciação, a publicidade pode, apoiando-se<br />

em estereótipos validados, “encarnar” o que prescreve.<br />

E aponta para uma nova forma de perceber a negra na publicidade, em suas múltiplas formas de habitar<br />

o mundo: uma beleza fora da caixa, de outra forma, longe da escravidão ditada pela beleza de padrão branco<br />

e preconceituoso.<br />

4. Considerações finais<br />

Percebemos, desta forma, que o ethos discursivo, enquanto categoria teórica fulcral deste trabalho,<br />

enquanto efeito de sentidos, dentro de determinadas condições de enunciabilidade de um discurso, jamais<br />

comportaria as demandas requeridas na compreensão do processo de transfiguração, no qual um discurso dá<br />

lugar ao equinócio de outro, como em longas estações permitidas pelos acontecimentos na História.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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