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Anais DCIMA Final

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Página 835<br />

assumido centralidade em relação à responsabilidade de conduzir e executar as políticas públicas direcionadas<br />

à população indígena (GARNELO, 2004).<br />

Embora a lei 8080/1990 defina que a responsabilidade de dirigir as políticas sanitárias é do Ministério<br />

da Saúde, dez anos depois da implementação da lei supracitada as particularidades da população indígena<br />

foram percebidas e por conta disso foi criado o subsistema de saúde indígena, este tem como base os Distritos<br />

Sanitários Especiais Indígenas (DESEI’s), ao qual foi incumbida a responsabilidade de executar políticas<br />

sanitárias específicas voltadas para essa população (GARNELO, 2004).<br />

Todavia, não se pode perder de vista que neste período a vigência da hegemonia neoliberal trouxe<br />

impactos significativos ao subsistema de saúde indígena, que por está subordinado ao SUS, esteve ao longo<br />

dos anos sujeito aos entraves enfrentado pelo sistema em referência. Nesse sentido, a redução da receita<br />

repassada ao Ministério Público na década de 1990, acarretou a intensificação das fragilidades existentes nas<br />

ações e serviços de saúde voltados às populações indígenas (VERANI, 1999).<br />

Para que a oferta dos serviços de saúde aos povos em referência não fosse suspensa, a Fundação<br />

Nacional de Saúde (FUNASA) em 1999 optou pela terceirização destes serviços através da celebração de<br />

convênios com as prefeituras, para que assim fosse possível o acesso mais facilitado da população indígena<br />

aos serviços e atividades sanitárias previstas pela política de saúde indigenista (GARNELO; SAMPAIO,<br />

2005).<br />

A terceirização dos serviços públicos de saúde foi efetivada sob a prerrogativa de que os serviços<br />

ofertados pelo Estado são morosos, burocráticos e incontínuos, o que prolonga o tempo de espera para acessálos.<br />

Dessa forma, no período compreendido entre 1999 e 2000 a FUNASA terceirizou de forma gradual para<br />

ONG’s os serviços de saúde apostando na eficácia da esfera privada, a FUNASA por sua vez ficou com a<br />

responsabilidade de monitorar, coordenar e supervisionar os DESEI’s, bem como por desenvolver ações que<br />

visassem à qualificação da força de trabalho. No entanto, a carência de recursos humanos em termos<br />

quantitativos e qualitativos sempre representou um dos maiores obstáculos na gestão dos subsistemas de saúde<br />

indígena (GARNELO, 2004).<br />

Some-se a isso a baixa qualidade dos serviços prestados e as precárias condições de trabalho que os<br />

profissionais desses subsistemas de saúde se submetiam e ainda se submetem, entre outros fatores que<br />

fragilizam a política em referência. Este fato pode ser confirmado na fala do coordenador do Grupo de Trabalho<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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