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Anais DCIMA Final

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Página 696<br />

O cerne da explicação para a “corrida” de garimpeiros é a mobilidade do trabalho<br />

que surge como estratégia de sobrevivência para uma massa de trabalhadores<br />

sem terra e sem emprego estável. Um segundo fator explicativo é a expectativa<br />

de capitalização da família camponesa, que leva pai e filhos a se mobilizarem<br />

entre roça e garimpo (BECKER apud GOÉS, 2015, p. 181).<br />

Assim, de acordo com esses apontamentos e com acontecimentos noticiados entre 2014 e 2016, esses<br />

garimpeiros se caracterizam pela falta de oportunidades no mercado de trabalho brasileiro, sendo sua maioria<br />

advindo de serviços rurais, o que, possivelmente, influencia em uma maior tolerância ao trabalhar em<br />

condições precárias, sem assistência dos donos de garimpo ou dos Estados devido suas condições irregulares.<br />

São atraídos em busca do retorno monetário, por meio de pepitas de ouro trocadas por euro, próximo do<br />

garimpo, onde há casas ilegais que compram ouro pagando em euro ou depositam o valor dessa compra em<br />

uma conta direto no Brasil.<br />

Percebe-se a facilidade quanto a construção de garimpos em território guianense, através de<br />

maquinários advindos do Brasil, os garimpeiros constroem as minerações em um curto espaço de tempo, pois<br />

há um trabalho conjunto das policias federais brasileira e francesa que chegam ao minério para intervir a<br />

prática, onde podem ocorrer prisões e confiscos do ouro. Porém, o papel da polícia quanto a esses garimpos e<br />

à fiscalização das fronteiras acaba limitado devido à falta de uma passagem oficial entre os territórios, com o<br />

limitado uso da Ponte Binacional Franco-Brasileira, por conta de atrasos por parte do governo brasileiro, há<br />

mais facilidade de trânsito ilegal através do rio Oiapoque.<br />

Os indivíduos que atravessam essa fronteira, apesar de mitigados quanto ao que receberiam, sabem<br />

dos riscos que suas práticas suscitam como a prisão, violência, precariedade de moradia, alimentação e saúde.<br />

Além dos danos ambientais causados pelas escavações e instalações de maquinários em áreas de preservação<br />

ambiental, o que prejudica tanto a geografia da região quanto as populações que habitam em torno dessas<br />

localidades.<br />

Em 1713 foi estabelecida a primeira divisão entre território português e francês, que controlavam as<br />

colônias Brasil e Guiana Francesa, através do Tratado de Ultrech, porém após diversos processos que<br />

demarcariam os limites entre o país e o departamento ultramarino, somente em 1900 as divisas foram<br />

estabelecidas da maneira como são reconhecidas hoje, mantendo o rio Oiapoque como divisão física. É notado<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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