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Anais DCIMA Final

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Página 312<br />

menores atitudes, ações, gestos do cotidiano, cujos sentidos estão em estado de alerta 24 horas/dia e suas<br />

mentes não mais entendem a simplicidade das coisas. Tudo é plausível de ser experimentado, de mudar a lógica<br />

para a qual foi criada e, a partir desse olhar, acrobatizar-se, flexibilizar, despertar, desapegar a mente, corpo e<br />

espírito dos objetos e de quem os manipula. Mudar o ponto de vista do movimento e fazer dos objetos uma<br />

extensão dos próprios corpos é parte do universo acrobático das atividades circenses e um exercício constante<br />

para o treinamento de uma consciência corporal plena. Para tal domínio da aprendizagem é, necessário,<br />

conforme Merleau-Ponty aprender a ver de maneira mais subjetiva.<br />

Aprender a ver as coisas é adquirir certo estilo de visão, um novo uso do corpo<br />

próprio, é enriquecer e reorganizar o esquema corporal. Sistema de potências<br />

motoras ou de potências perceptivas, nosso corpo não é objeto para um “eu<br />

penso”: ele é um conjunto de significações vividas que caminha para seu<br />

equilíbrio (MERLEAU-PONTY, 2011, p. 212).<br />

Para chegar a tal consciência do corpo há necessidade de conhecimento e compreensão. Para esse<br />

filósofo francês, “Compreender é sentir o acordo entre o que nós vivemos e o que é dado, entre a intenção e a<br />

realização (…) o corpo é a nossa âncora no mundo”. (Merleau-Ponty). Isto é, ao nascermos, nosso<br />

compromisso deverá ser com a evolução, fazer das oportunidades, feitos. Assim, destacamos outros pontos<br />

para tal tomada de domínio ou de ancorar o próprio corpo. Isto ocorre na prática, no suor, no treinamento, na<br />

repetição, na persistência, na exaustão. De maneira que não há prazo de vencimento para a consciência<br />

corporal, ela tende a ser cumulativa. Chegar a este estágio de desenvolvimento corporal, numa concepção<br />

merleaupontyana, é saber de um outro corpo, aquele imerso no próprio corpo, como meio da própria<br />

comunicação com o mundo.<br />

Corpo não mais como objeto do mundo, mas como meio de nossa comunicação<br />

com ele, ao mundo não mais como soma de objetos determinados, mas como<br />

horizonte latente de nossa experiência, presente sem cessar, ele também, antes<br />

de todo pensamentodeterminante (MERLEAU-PONTY, 2011, p. 136-137).<br />

Assim, o corpo preparado, seguro de suas potências expõe-se ao movimento de ver e ser visto, numa<br />

relação harmoniosa. Esse corpo não pode viver sem plateia! O corpo dançante, atuante em palcos artísticos.<br />

Segundo Virgínia há, nesses momentos de entrega, de exibição, uma espécie de pausa no fluxo da vida. O<br />

mundo, em seu sentido problemático, de lutas, conflitos, guerras e vitórias some, pelo breve intervalo de um<br />

número acrobático, por exemplo. Tais problemas desaparecem diante de uma salva de palmas à cena aberta,<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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