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Anais DCIMA Final

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Página 297<br />

O terceiro filme exibido foi “Xala” (2000), dirigido por Ousmane Sèmbene. O filme fez uma<br />

contundente crítica à sua própria sociedade, expôs questões de corrupção e até mesmo um debate sobre relações<br />

sociais de gênero. Xala é uma sátira que utiliza a metáfora da impotência sexual para mostrar o Senegal póscolonial<br />

marcado pela corrupção dos governantes e toda sorte de atos ilícitos praticados neste país. A prática<br />

da poligamia e a mulher mantida em submissão também são tematizadas, o que nos remeteu às práticas<br />

matrimoniais e outros aspectos das relações de gênero no Brasil.<br />

No contexto desse curso, aproveitamos para discutir práticas e conteúdos com potencial uso na<br />

educação escolar. Nessa oportunidade, realizamos uma breve entrevista com Mateus Moura (cineasta,<br />

cineclubistas, oficineiro e arte-educador), idealizador do curso “Uma viagem ao cinema africano”. A principal<br />

pergunta proposta pela equipe foi “Como trabalhar o cinema e o audiovisual dentro da escola?”. Ele afirma<br />

que, primeiramente, deve se iniciar pela formação dos professores:<br />

[...]essas pessoas têm que ir atrás do conhecimento teórico, estudar [...] acho<br />

que teria que começar pela universidade, vê uma disciplina na formação de<br />

professores que realmente fosse estudado o cinema e a formação de professores<br />

para dar aula de cinema, não digo que todos os professores poderiam ser<br />

“expert” em cinema. Sabe, todo professor tem que saber ler, nem todos os<br />

professores precisam ser fãs de literatura, mas todos eles devem saber interpretar<br />

um texto. Para entrar em uma universidade você precisa fazer uma redação e<br />

saber o que é coesão e coerência, fazer um texto dissertativo. Para mim é a<br />

mesma coisa: você precisa entender como o cinema e imagem audiovisual, para<br />

tu entender precisas dominar questões de gramática, é “igualzinho” na escrita,<br />

no abecedário, saber o “be a ba” do cinema, o que é o plano, o que é montagem,<br />

o que é enquadramento, a função do som (Mateus Moura, cineasta e arteeducador,<br />

2016, grifos nossos).<br />

Acompanhando o pensamento do entrevistado, parece fundamental refletir sobre os novos<br />

procedimentos metodológicos a serem inseridos em sala de aula como recursos inovadores, capazes de quebrar<br />

as barreiras de uma educação bancária, repetitiva e distante do universo visual amplo nos quais os alunos estão<br />

imersos. Nesta direção, assim pensa Bentes (2008):<br />

A produção audiovisual, o documentário em particular, encontra na escola, no<br />

Ensino Médio, nas universidades e na educação não formal como um lugar<br />

privilegiado de renovação do modelo disciplinar dos currículos atuais, trazendo<br />

a possibilidade de propostas e experiências inovadoras, novas metodologias,<br />

processos e linguagens (BENTES, 2008, p. 41).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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