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Anais DCIMA Final

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Página 782<br />

escola, família, comunidade e educando e á organizada no tempo-escola: momento em que “os educandos tem<br />

aulas teóricas e práticas” e tempo-comunidade: momento em que “os educandos realizam atividades de<br />

pesquisa da sua realidade” (2011, p.104-105). No discurso B este enunciado se traduz por “teoria e prática”<br />

que pode não corresponder aos fundamentos políticos dos discursos dos movimentos sociais, pois a relação<br />

teoria-pratica dentro dos discursos oficiais, nem sempre convergem para a garantia da vida dos sujeitos como<br />

estratégia de formação técnica e política.<br />

O enunciado A mantém também a voz do discurso fundador em relação à memória coletiva e aos<br />

movimentos sociais do campo, enquanto que no enunciado de B essa voz foi apagada, silenciada nas diretrizes<br />

municipais, essa tradução produz uma interincompreensão constitutiva abordada por Maigueneau (1997, p.<br />

119-120). Para o autor, o discurso nasce de um trabalho sobre outros discursos, essa produção pode passar por<br />

um processo de interação entre os dois discursos e produzir uma interincompreensão que é uma interpelação<br />

do enunciado desse discurso outro, com um sentido não estável construídos no intervalo entre as posições<br />

enunciativas. No discurso B, mesmo não aparecendo a polêmica aberta, no silenciamento dos movimentos<br />

sociais ela aparece.<br />

É possível perceber também nesse processo de tradução do discurso B pelo discurso A, que nas<br />

diretrizes municipais ocorreram a supressão de muitos artigos e incisos presentes nas diretrizes nacionais.<br />

Considerando o conceito de tradução discursiva, tal como formulado por Maingueneau, estamos considerando<br />

a supressão desses artigos e incisos ou parágrafos como silenciamentos que produzem sentidos, portanto, tratase<br />

de silenciamentos que entram num processo de tradução do discurso do outro pelo silenciamento. O estudo<br />

desses silenciamento precisam de aprofundamento teórico na pesquisa.<br />

Considerações finais<br />

O debate sobre Educação do Campo iniciou-se no movimento das lutas por direitos dos povos do<br />

campo, como saúde, terra, trabalho, justiça, educação e tantos outros direitos negados na história desse país,<br />

lutas por um projeto de desenvolvimento do campo enquanto espaço de vida, de produção, de cultura. Nesse<br />

processo de lutas por direitos, a educação é vinculada a um processo de transformação e emancipação humana<br />

que incorpore “uma visão mais rica do conhecimento e da cultura, uma visão mais digna do campo, o que será<br />

possível se situamos a educação, o conhecimento, a ciência, a tecnologia, a cultura como direitos e as crianças<br />

e jovens, os homens e as mulheres como sujeitos desses direitos” (ARROYO, 2011, p.82).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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